O número de propriedades rurais que afirma utilizar agrotóxicos na produção cresceu 20% nos últimos 11 anos, segundo o Censo Agro divulgado nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são de 2017.
De acordo com o relatório, em 2017, 1,7 milhão de fazendas declararam aplicar agrotóxicos nas lavouras. O número é bem superior aos 1,4 milhão do censo de 2006, mas semelhante ao de 1995, quando também 1,7 milhão disseram usar esse tipo de produto.
— Houve variação na parte conceitual. Até 1995 não se perguntava se usava agrotóxicos, e sim "defensivo agrícola", e o produtor nem sempre entendia. E agora desde 2006 a pergunta é com "agrotóxico", mais forte — explicou Luiz Fernando Pereira Rodrigues, analista do IBGE e gerente substituto do Censo Agropecuário.
Do total que afirmou ter usado agrotóxicos em 2017, apenas 617,3 mil (37%) disseram ter recebido orientação técnica sobre as formas corretas de utilização dos produtos.
— Essa informação é bem importante: 15,6% dos produtores que utilizaram agrotóxicos não sabiam ler e escrever e 89,9% deles não receberam orientação técnica — disse Marcelo Souza de Oliveira, analista do IBGE.
— Como sem saber ler se utilizaram esses produtos? Qual a qualidade desses agrotóxicos? — questionou Oliveira.
A liberação de agrotóxicos sob o governo de Jair Bolsonaro tem sido alvo de críticas de ambientalistas.
Segundo o IBGE, quanto maior o tamanho da área de lavouras, maior é a proporção de despesas com agrotóxicos e também a fatia de produtores que declararam ter recebido orientação técnica.
— Por exemplo, dos 16,3 mil estabelecimentos de 500 e mais hectares de área de lavouras, 14,7 mil , ou 91%, declararam ter recebido orientação técnica e nestes estão 65% do valor das despesas com agrotóxicos — analisou o IBGE.
Os gastos com agrotóxicos representaram 10% das despesas das propriedades rurais em 2017, ou R$ 31,8 bilhões em R$ 327,5 bilhões.
Apesar dos números, o IBGE afirma que apenas analisar o total de produtores que declararam utilizar agrotóxicos não permite fazer avaliações quantitativas ou qualitativas do uso dos produtos.
Por exemplo, não é possível saber a quantidade de agrotóxicos aplicada por estabelecimento e nem se os produtos foram especificados por profissionais qualificados ou se a formulação e o agrotóxico são específicos para o que se quer combater na cultura.