Qualificar a oferta e atrair profissionais de outros segmentos e de outras regiões do país para investir no cavalo crioulo são algumas das estratégias para turbinar a comercialização na temporada. Enquanto os exemplares de elite têm maior procura e liquidez, chegando a representar 70% do faturamento dos remates da raça, o cenário econômico vem prejudicando a comercialização de “animais menos diferenciados”, segundo o leiloeiro Marcelo Silva.
Adotar ações para conquistar pessoas de áreas não ligadas à agropecuária para que apliquem suas economias em equinos já é uma realidade. Por meio de palestras em corretoras de investimento, a Trajano Silva Remates tem buscado mostrar – em números – que a rentabilidade da raça crioula pode ultrapassar outras aplicações como CDB, CDI e fundos de investimento. Neste caso, em vez de arrematar o animal e levar para a propriedade, o mais comum é comprar cotas de cavalos que são mantidos por criadores.
O vice-presidente de Comunicação e Marketing da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Onécio Prado Junior, diz que a estratégia começa a ser realidade e aponta que é uma tendência de mercado.
– O cavalo é um ser bonito que atrai as pessoas. As crianças adoram e isso envolve a família – comenta o leiloeiro Fábio Crespo.
Além de divulgar em palestras, a Trajano adotou uma estratégia ousada. Promove, na próxima quarta-feira, em uma mansão na Ilha das Flores, em Porto Alegre, a segunda edição do Leilão Padrillos. A programação do evento, para 280 convidados, contempla jantar, banda de jazz e até DJ, entre outros atrativos. A própria concepção do evento busca atrair outros setores. Foi firmado patrocínio com empresas de segmentos diversos, como imobiliário e automotivo.
– A ideia é trazer pessoas que não estão no mercado. Temos a convicção de que vai dar certo – afirma Silva, destacando que já estão confirmadas presenças de convidados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, além de Uruguai, Paraguai e Argentina.
Potencial na pecuária e em provas esportivas
A intenção da ABCCC é atrair novos investidores e expandir a raça nas regiões em que há potencial de uso do equino na pecuária e em provas esportivas. De acordo com Prado Junior, os leilões viabilizam o acesso de profissionais de setores não ligados ao meio rural – em geral advogados e executivos:
– São profissionais liberais que gostam de ter a alternativa do campo como atividade de lazer.
Mercado do Sul consolidado
Em 2018, a expectativa é de estabilidade ou até pequeno acréscimo nas vendas de cavalos em relação a 2017. O leiloeiro Fábio Crespo ressalta que na Expointer há grande procura de criadores do Brasil Central por cavalo crioulo. Crespo considera que há potencial para expansão no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul (Sindiler), Jarbas Knorr avalia que o mercado de cavalos crioulos “está muito bom”, apesar do frete mais caro e da situação política conturbada no país. Ele acredita que a Expointer deste ano seguirá os mesmos patamares da feira de 2017.
– Mas o meu desejo é de que seja melhor. Temos que ser otimistas e superar – projetou Knorr.
Segundo a ABCCC, a comercialização da raça cresceu 41% no ano passado, com faturamento que chegou a R$ 131,82 milhões, considerando as vendas particulares e os animais leiloados (veja tabela acima).