Diversos cenários de clima no Sul do Brasil influenciaram o estabelecimento do grão e a presença de doenças durante a safra de soja, como podridões radiculares, oídio, mofo-branco e ferrugem asiática. No Rio Grande do Sul, o excesso de chuva em outubro provocou encharcamento de solo e sua compactação, o que retardou a implantação da soja e resultou em morte de plântulas após emergência, consequência relacionada ao fungo Phytophtora.
De dezembro e março, tivemos ocorrência de períodos secos, acompanhados de temperaturas noturnas amenas, favoráveis ao oídio, causado por Erysiphe diffusa. Este fungo não necessita molhamento foliar para infecção das plantas e sua preferência é por temperaturas máximas menores que 29°C, por isso a maior presença nesta safra.
A intensidade atingiu severidades superiores a 50% em alguns locais, acentuando a desfolha das plantas. A estiagem prolongada, com temperaturas altas, entre fevereiro e março, possibilitou a podridão de raízes pelo fungo Macrophomina phaseolina.
A evolução da ferrugem ocorreu no mesmo período e sua severidade atingiu entre 20% e 70% das plantas, conforme época de semeadura e cultivar. Neste caso, o comprometimento da produtividade foi menor, mas ainda significativo, especialmente em plantios tardios. Teste na Cotripal, em Condor, resultou na diferença de produtividade entre quatro aplicações de fungicida e nenhuma, variou de 6,9 sacas por hectare (semeadura em setembro) a 17,9 sacas por hectare (outubro), 17,7 sacas por hectare (novembro) e 20 sacas por hectare (dezembro).
Já em experimentos realizados na Universidade de Passo Fundo e em lavouras comerciais no Planalto Médio, a ausência da primeira aplicação de fungicida no pré-fechamento das entrelinhas resultou em diferenças de menos três a menos 6,8 sacas por hectare na produtividade final, associadas ao controle do oídeo, manchas foliares, Antracnose e prevenção da ferrugem. Em três anos de comparação, na UPF, entre manejos com quatro aplicações, a primeira iniciada antes ou após o fechamento das entrelinhas (entre sete a nove dias), as variações na produtividade final da soja atingiram oito sacas por hectare (2016), 4,5 sacas por hectare (2017) e cinco sacas por hectare (2018) a favor do pré-fechamento.
Em resumo, a safra de soja 2017/2018 foi bastante variável quanto à ocorrência de doenças, principalmente oídio, ferrugem e mofo-branco. O controle dessas doenças requer fungicidas e manejos diferentes, por isso a atualização técnica, o monitoramento da lavoura e a atenção ao clima são fundamentais. Medidas preventivas de controle são mais seguras e efetivas, e devem ser priorizadas no planejamento e condução da lavoura de soja.
Carlos Alberto Forcelini é engenheiro agrônomo, Ph.D. em fitopatologia e professor titular da Universidade de Passo Fundo (UPF)