Ainda que tênue, apareceu uma esperança de início de reversão do quadro de crise do setor leiteiro. O índice de preços de março da Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que, na cesta de commodities que integra o cálculo, apenas os produtos lácteos mostram reação após a virada do ano. Enquanto isso, carnes, cereais, açúcar e óleos vegetais seguem com cotações ladeira abaixo no mercado internacional.
Para o presidente da Associação Gaúcha de Laticínios e Laticinistas (AGL), Ernesto Krug, a pequena recuperação dos preços, de 6,3% nos os últimos dois meses, é resultado do desestímulo à produção - após 2014 ter sido marcado por um período de aumento da oferta acima do que o mercado absorvia - e problemas climáticos em países produtores, como Austrália e Nova Zelândia.
- Em 2015, o consumo mundial deve crescer 3% e a produção, 2%. Os preços continuarão subindo de forma contínua, mas moderada - avalia Krug, um dos mais respeitados especialistas do setor no Estado.
No caso do Brasil - e do Rio Grande do Sul -, o dólar na casa dos R$ 3 também deve ajudar a sustentar as cotações. Por um lado, desestimula as importações. Por outro, pode dar impulso às exportações de lácteos e significar interesse maior das indústrias em buscar leite nas propriedades.
- Precisamos recuperar as nossas margens para cobrir os custos e termos condições de repassar algo a mais também para os produtores - diz Alexandre Guerra, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat).
O índice de preços de alimentos da FAO caiu para 173,8 pontos em março, o mais baixo patamar desde junho de 2010. A principal causa, aponta o levantamento, é maior oferta de carnes e cereais. No caso das carnes, o índice cai há sete meses. Nos cereais, ficou 19% abaixo de março do ano passado.