Conforme avançam os levantamentos sobre os efeitos da chuva acumulada na produção gaúcha, os prejuízos ficam cada vez mais evidentes. Principal cultura do inverno, o trigo vive atualmente um cenário oposto ao de igual período do ano passado, quando colheu safra histórica, garantida por produtividades elevadas.
Só na regional da Emater em Santa Rosa foram 2.730 comunicações de ocorrências de perda em lavouras de trigo, com 1,9 mil perícias feitas até esta quinta-feira.
- É um número grande. Apenas em um município da região não houve registro - afirma Dulphe Pinheiro Machado Neto, gerente técnico estadual da Emater.
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Na região de Ijuí, até segunda-feira haviam sido comunicadas mais 1.263 ocorrências.
O tempo seco desta semana fez com que a colheita avançasse um pouco, chegando a 13% da área cultivada com o cereal.
Os prejuízos registrados são irreversíveis. O percentual ainda não está consolidado, mas estimativas apontam perda entre 20% e 40%.
- Acho que está mais perto de 40% do que de 20%. Se perdermos só 20% da safra saíremos bem - avalia Ataides Jacobsen, assistente técnico da Emater em Passo Fundo.
Neste ano, preocupa não só a queda projetada no volume a ser colhido, mas também a qualidade, fator que pode depreciar ainda mais o cereal. Para se ter uma ideia, a tonelada estava cotada ontem a R$ 440. No mesmo dia do ano passado, valia R$ 800, segundo dados da Corretora Mercado.
Em muitos casos, o grão não tem sido sequer classificado como trigo, porque não tem as características necessárias.
Depois de penar para vender o volume recorde colhido em 2013, o agricultor agora poderá ter dificuldades para colocar o produto desejado no mercado.