O furacão Milton, de categoria 5, deve atingir a costa oeste da Flórida, nos Estados Unidos, na quarta-feira (9). Por conta da gravidade do fenômeno, ordens de evacuação foram emitidas na segunda-feira (7) para seis condados ao redor da Baía de Tampa, área que abriga 4 milhões de pessoas.
A emergência levou o governador da Flórida, Ron DeSantis, a declarar estado de emergência em quase todo o Estado. Meteorologistas preveem uma ressaca histórica na Baía de Tampa, com ondas que podem variar entre 2,4 metros e 3,6 metros de altura, o maior registro já antecipado para a região.
A evacuação grande nesse nível, eu não tinha visto ainda.
MARINA LESSA
Brasileira que mora em Tampa.
Essa rápida evolução faz do Milton uma ameaça semelhante ao furacão Irma, que em 2017, provocou a maior evacuação em oito anos nos Estados Unidos. A expectativa é de que Milton enfraqueça ligeiramente para uma tempestade de categoria 3 antes de tocar o solo na região da Baía de Tampa, área que não sofre o impacto direto de um furacão há mais de um século.
Evacuação
Entre os moradores que já começaram a deixar suas casas está a brasileira Marina Lessa, que vive na Zona A, a primeira área a receber ordens de evacuação. Ela participou do Gaúcha Mais desta terça-feira (8) e relatou como está a situação de perto.
— A gente já saiu de casa e colocou tudo para cima, porque parece que esse furacão, por estar diretamente vindo para Tampa, vai ser mais forte do que os outros que a gente passou por aqui — relata Marina, que mora com o marido e dois filhos em Tampa há dois anos.
A tempestade pode causar inundações generalizadas em diversas partes da Flórida. Estima-se que entre 13 e 25 centímetros de chuva atinjam o continente e os Keys, com algumas áreas recebendo até 38 centímetros.
— A inundação é uma preocupação enorme, principalmente para quem vive nas zonas mais próximas da água. Estamos tentando salvar o que conseguimos, mas se o teto se for, não adianta nada — comenta Marina.
Trânsito
Ela e a família deixaram a casa na segunda-feira, dois dias antes da chegada do furacão, seguindo as recomendações de segurança. Marina relata que o trânsito já estava intenso em alguns locais na manhã de segunda, e muitos postos de gasolina enfrentavam escassez de combustível.
— Alguns lugares estavam cheios, mas para o lado que a gente foi até estava um pouco mais tranquilo. O problema maior são os postos de gasolina. Quem colocou gasolina dois dias atrás encheu o tanque. Hoje, a maioria dos postos, pelo que vi, já não tinha gasolina ou estavam fechados — conta.
Impacto do furacão
A área da Baía de Tampa, há muito acostumada à relativa segurança contra grandes tempestades, enfrenta o que pode ser seu primeiro impacto direto de um grande furacão em um século. O último furacão a atingir diretamente a Baía de Tampa aconteceu em 1921, e a falta de histórico recente aumenta a incerteza sobre o impacto do Milton.
— Faz mais de cem anos que não acontece, então não tem muito como prever, não tem um histórico. A área que estão falando que pode entrar é muito grande, então não temos como saber se o furacão não vai desviar e vir para cá. É um jogo de sorte — diz Marina, que atualmente está na casa dos pais, mais ao norte da Flórida.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) alerta que ondas perigosas devem atingir a costa a partir da noite de terça-feira (8). Com níveis de água podendo subir até 3,6 metros em Tampa, as autoridades reforçaram o apelo para que os moradores das zonas de risco deixem suas casas quanto antes.
— Desta vez, sentimos que há uma preocupação maior das autoridades. O furacão Elen já foi um desastre, e agora estão pedindo que as pessoas saiam o mais rápido possível. A evacuação grande nesse nível, eu não tinha visto ainda — finaliza Marina.