Os dias com predominância de calor, seca e propensão ao fogo mais do que triplicaram nos últimos 40 anos na América do Sul. Os dados fazem parte de um estudo publicado na revista Communications earth & environment.
Conforme a pesquisa, entre 1971 e 2000, dias com condições de seca, calor e mais chance de fogo predominavam pelo menos em 20 dias por ano no norte da Amazônia, no nordeste do Gran Chaco e na região do Lago Maracaibo, na Venezuela. Nas décadas mais recentes, no entanto, o número subiu para 70 dias por ano.
Segundo o estudo, a região do Pantanal não teve forte aumento das temperaturas, mas foi o local com maior predominância de dias secos na América do Sul, mais de 50 por ano. Situação semelhante ocorreu na região do lago Maracaibo, na Venezuela, com diminuição da chuva por ano.
Na última década, as condições extremamente favoráveis aos incêndios nas três regiões ocorreram em 120 dias por ano. Os pesquisadores descobriram que durante o fenômeno El Niño o risco de incêndios no norte da Amazônia aumenta, enquanto o Pantanal e o Maracaibo sofrem mais durante a passagem do fenômeno La Niña.
Na região do Gran Chaco, área que abrange o Pantanal, as condições para incêndio foram mais favoráveis em 2004, 2007, 2010 e 2020. Na região da Amazônia, vulnerável a esse tipo de evento em momentos distintos, os registros apontam para 2005, 2010, 2015, 2017 e 2020.
“Durante a temporada de incêndios e especialmente em condições de áreas secas, incêndios naturais (não incomuns em florestas e pastagens mais secas da América do Sul) ou incêndios controlados (para limpeza de matagais ou desmatamento) podem facilmente sair do controle e invadir outras áreas”, alerta o texto da pesquisa.