Nos últimos meses, a temperatura da água do Oceano Pacífico vem baixando. E essa queda, segundo especialistas, indica a aproximação do final do fenômeno El Niño - que contribuiu para o aumento da chuva no Rio Grande do Sul. Mas, a transição para o La Niña não é imediata.
As previsões apontam que o próximo evento deve iniciar no fim do inverno (20 de junho a 22 de setembro). Enquanto isso, o Estado terá dias de neutralidade climática, sem a influência dos fenômenos.
Segundo relatórios da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa) dos Estados Unidos, agência que é referência para meteorologistas, a temperatura do Pacífico chegou a 2°C acima da média em dezembro do ano passado. Na virada para 2024, teve início a tendência de diminuição, com 1,8°C em janeiro, 1,5°C em fevereiro e 1,1°C em março. Esta última é a medição mais atual até o momento. Apesar do resfriamento, foi a maior temperatura para o mês de março desde 2016, quando chegou a 1,6°C.
— Não temos a oficialização ainda, mas o fim do El Niño é para breve. Questão de duas a três semanas, no máximo. O La Niña propriamente dito está em processo de surgimento. Em relação ao mês passado, deu uma pequena diminuída na intensidade. Mas a projeção continua para a formação dele durante a segunda metade do inverno, mais para a primavera. Aí, sim, com o regime de tempo bem mais seco — explica o meteorologista Marcelo Schneider, coordenador do 6º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Na previsão da Climatempo, o La Niña também deve começar a se desenvolver no final da próxima estação. Entre os principais efeitos do fenômeno, está o favorecimento do avanço de massas de ar frio de origem polar para áreas do centro-sul da América do Sul, que muitas vezes ingressam para o sul e sudeste do Brasil.
— Neste ano, ainda temos atuação de ar quente e seco sobre o interior do país, o que vai dificultar o avanço desse ar frio para outras regiões do Brasil, mas o Rio Grande do Sul estará na rota dessas massas polares. Portanto, os dias frios serão mais frequentes neste ano do que em 2023 — detalha o meteorologista Vinícius Lucyrio, da equipe de previsão climática da Climatempo.
Próximos meses
Para dentro do mês de junho, Schneider comenta que as previsões são variáveis, com temperatura oscilante e períodos tanto secos como de chuva. Para a segunda quinzena do próximo mês, há a estimativa de novos eventos de chuva, mais focados no norte do Estado e em Santa Catarina.
— No finalzinho de junho para julho, há a preocupação em função das novas frentes frias. É bem provável que nessa virada tenhamos períodos de chuva. O padrão aponta para um grande contraste térmico, que foi o que aconteceu nos últimos dias. Mas os modelos são dinâmicos e, os ciclones, previstos de quatro a cinco dias antes — detalha o especialista do Inmet.
No finalzinho de junho para julho, há a preocupação em função das novas frentes frias. É bem provável que nessa virada tenhamos períodos de chuva.
MARCELO SCHNEIDER
Coordenador do 6º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
Em relação à temperatura, a Climatempo aponta que há indícios de que os termômetros ficarão entre a média e abaixo dela durante os meses de inverno, especialmente junho e agosto, com frio mais constante em áreas da metade sul gaúcha. Os dias quentes ainda podem ocorrer, mas não serão tão numerosos. Para Porto Alegre, considerado o período de 1991 a 2020, a temperatura média do inverno é de 14,7°C
— Outro ponto importante a se destacar é que há uma tendência de massas de ar frio chegando mais tardiamente, no fim do inverno e início da primavera, o que pode expor o RS a temperatura bem baixa até além do inverno — projeta Lucyrio.
As frentes frias devem ser mais curtas. O inverno deve começar mais úmido e terminar mais seco, especialmente a partir de julho.