As pessoas mais ricas poluem muito mais do que as mais pobres e deveriam pagar impostos específicos para compensar essa disparidade. Essa é a proposta de um estudo do World Inequality Lab (WIL) publicado na quarta-feira (20), antes da cúpula sobre o clima COP26, que começa no próximo dia 31 de outubro e segue até 12 de novembro.
Em média, o 1% mais rico do mundo emitiu 110 toneladas de CO2, por pessoa, em 2019. Número que representou 17% das emissões mundiais de carbono naquele ano, detalha o estudo do economista Lucas Chancel, codiretor do WIL, na Escola de Economia de Paris.
Além disso, enquanto os 10% mais ricos do mundo geram metade das emissões planetárias, a metade mais pobre da população é responsável por apenas 12% do total global, ou seja, uma média per capita de 1,6 tonelada de carbono. Os hábitos de consumo e de investimento, de acordo com o WIL, são os responsáveis pelos altos índices de CO2 do grupo mais rico.
— Há uma forte desigualdade nas contribuições para o problema climático — disse Chancel, propondo uma taxação com impostos verdes progressivos em função da riqueza. — Os governos precisam de novas fontes de receita para investir em infraestrutura verde.
Segundo o pesquisador, uma forma de conseguir isso é "por meio de impostos ecológicos progressivos".
— Isso poderia ser politicamente mais viável do que os impostos sobre o consumo de carbono, que atingem duramente os grupos de renda mais baixa e não ajudam a reduzir as emissões dos mais ricos — acrescentou.
Entre as soluções propostas, o relatório defende a consideração das emissões individuais nas políticas públicas para direcionar os comportamentos poluentes.
O estudo denuncia que o peso das políticas climáticas recai sobre as classes mais pobres e defende dar "mais ênfase" aos grupos mais ricos, propondo, por exemplo, "instrumentos voltados para investimentos em atividades poluentes".
Os países mais desenvolvidos também apresentam maior emissão de carbono quando considerados os produtos fabricados no exterior e importados em seu território. Para a Europa, a inclusão das emissões de carbono no valor de seus produtos aumenta a conta final em 25%.