Por marcar o início do período de nascimento de filhotes, o 1º de outubro foi escolhido como o Dia Nacional da Toninha. O objetivo é sensibilizar a população sobre a situação do pequeno cetáceo mais ameaçado do Atlântico sudoeste.
Com ocorrência em águas costeiras entre a Patagônia argentina e o Estado do Espírito Santo, a toninha, uma espécie de golfinho, costuma ser capturada acidentalmente em redes de pesca. Ela figura nas listas de espécies ameaçadas de extinção.
— A área de pesca de espécies como corvina, pescada e abrótea se sobrepõe muito à área das toninhas. O nível de captura acidental do cetáceo é muito alto. No litoral gaúcho, os números variam entre várias centenas até mais de mil animais mortos a cada ano. Essa remoção é insustentável, e por isso a toninha está nessa situação — analisa o professor Eduardo Secchi, coordenador do Projeto Toninhas da Universidade Federal do Rio Grande (Furg).
Nesta quinta-feira (1º), mais de 10 instituições se reunirão para uma aula virtual sobre a toninha. Aberto ao público, o webinar "Conhecendo o golfinho mais ameaçado do Brasil” começa às 8h e terá 16 apresentações, abordando aspectos da biologia, do comportamento e os riscos que a espécie enfrenta no atual cenário. Secchi abordará o tema "Quem são as Toninhas?" a partir das 8h45min. A transmissão do evento será no canal do Viva Instituto Verde Azul.
Idealizado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), o Projeto Conservação da Toninha apoia seis iniciativas que constituem o maior esforço coordenado já feito sobre a espécie no Brasil. Uma delas é o Projeto Toninhas da Furg, financiado pelo Funbio desde 2018. Participam pesquisadores dos institutos de Oceanografia (IO), Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (Iceac) e Matemática, Estatística e Física (Imef) da universidade, além da parceria com o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema), o Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (Gemars) e a Kaosa. O acordo com o Funbio inclui bolsas de iniciação científica e técnicas.
Risco de extinção
Uma avaliação recente da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) classificou a toninha como “vulnerável” (indicando que a espécie provavelmente já declinou mais que 30% do seu tamanho original), e na Lista Nacional de Fauna Ameaçada ela está atualmente na categoria "Criticamente em Perigo" (com declínio superior a 50% das populações no Brasil). O fator que mais contribui para esse cenário de extinção é a captura acidental na pesca, através das redes de emalhe.
Em 2012, foi criada a Instrução Normativa Interministerial MPA/MMA nº 12, cujo objetivo é ordenar a pesca de emalhe no sul e sudeste do Brasil visando, entre outras atividades, reduzir o esforço pesqueiro e a mortalidade das toninhas e outras espécies ameaçadas. Com a norma, a pesca de emalhe nessa região teve que se adequar a limitações diferenciadas nos tamanhos das redes e nas áreas de pesca.
Características
- A toninha (Pontoporia blainvillei) é uma pequena espécie de golfinho que habita águas costeiras de Brasil, Argentina e Uruguai, em profundidades de até 30 metros
- Características: corpo entre 1,28m e 1,77m, peso entre 29kg e 55kg, cabeça fina e comprida, mais de 50 pares de dentes, nadadeira dorsal pequena e pescoço flexível
- A gestação dura 11 meses e cada fêmea tem apenas um filhote
- O período de amamentação dura cerca de nove meses
- O tempo de vida é de até 21 anos, mas a maioria dos indivíduos não vive mais do que 15 anos
- Também conhecidas como franciscanas no Uruguai e Argentina, vivem em áreas estuarinas e costeiras marinhas, a exemplo da praia do Cassino, onde costumam aparecer em maior número nos meses de primavera e verão
- A espécie tem comportamento discreto e evita a aproximação de embarcações a motor
- De acordo com pesquisas lideradas pelo Gemars, hoje restam menos de 20 mil indivíduos no Brasil