O Ministério Público Federal (MPF) pediu, nesta segunda-feira (6), que o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles seja afastado do cargo. Na ação, que tramita na 8ª Vara da Justiça Federal, 12 procuradores da República argumentam que Salles cometeu os crimes de improbidade administrativa e requerem que ele seja retirado imediatamente do comando da pasta, em caráter liminar.
Os procuradores também pedem a condenação de Salles pela lei de improbidade administrativa, que estabelece penas como perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e proibição de contratar com o poder público e de receber benefícios e incentivos fiscais ou creditícios.
"Para o MPF, Ricardo Salles promoveu a desestruturação de políticas ambientais e o esvaziamento de preceitos legais para favorecer interesses que não têm qualquer relação com a finalidade da pasta que ocupa. O processo de desestruturação do sistema de proteção ambiental brasileiro foi realizado por atos, omissões e discursos do acusado, em conduta dolosa – intencional – com o objetivo de fragilizar a atuação estatal na proteção ao meio ambiente. É possível identificar, nas medidas adotadas, o alinhamento a um conjunto de atos que atendem, sem qualquer justificativa, a uma lógica totalmente contrária ao dever estatal de implementação dos direitos ambientais, o que se faz bastante explícito, por exemplo, na exoneração de servidores logo após uma fiscalização ambiental bem sucedida em um dos pontos críticos do desmatamento na Amazônia Legal", argumenta o MPF.
Os procuradores afirmam que os atos praticados por Salles à frente da pasta "apontam para uma direção contrária à efetivação do projeto constitucional para o meio ambiente". Segundo eles, o ministro vem atuando para a "desestruturação de políticas ambientais e o esvaziamento de preceitos legais, mediante o favorecimento de interesses que não possuem qualquer relação com a finalidade da pasta que ocupa."
Um dos atos que, na opinião dos procuradores, caracteriza a intencionalidade de Salles é a fala revelada na reunião ministerial do dia 22 de abril, na qual o ministro fala em "passar a boiada" da desregulamentação ambiental enquanto a "imprensa só fala de covid".
“As declarações apenas expõem, de forma clara, o que diversos atos já confirmavam: existe um verdadeiro encadeamento premeditado de atuar contrário à proteção ambiental, caracterizando o dolo, elemento subjetivo dos atos de improbidade. Analisando os fatos concretos, desde o início de sua gestão à frente do MMA, o ministro tem adotado inúmeras iniciativas em flagrante violação ao dever de tutela do meio ambiente, como a desconsideração de normas, critérios científicos e técnicos, em desrespeito aos princípios ambientais da precaução, da prevenção e da vedação do retrocesso”, diz o MPF.