Militantes do movimento ecologista de desobediência civil Extinction Rebellion (XR) bloquearam, nesta segunda-feira (7), o trânsito no centro de Londres, onde também foram organizados protestos sentados (os chamados "sit-in"), que se repetiram de Sydney a Berlim, no início de duas semanas de atos nas ruas contra a inação frente à mudança climática.
O XR nasceu no final de 2018 no Reino Unido por iniciativa de um grupo de ativistas e acadêmicos que se inspiraram na estratégia de luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.
Estimulando a desobediência civil, conseguiu se espalhar graças às redes sociais e hoje diz ter 500 grupos em 72 países.
A partir desta segunda-feira e durante duas semanas, estão programadas, sob o nome "Rebelião Internacional", ações em 60 cidades do planeta, entre elas Madri, Buenos Aires, México, Rio de Janeiro e Bogotá.
Eles contam com o apoio de Greta Thunberg, a adolescente sueca que inspirou os protestos de estudantes em defesa do meio ambiente, cujo discurso nas Nações Unidas em setembro impactou o mundo.
Pedem que se declare "emergência climática" e que os governos estabeleçam para 2025 o objetivo de alcançar a neutralidade nas emissões de gases causadores do efeito estufa.
Sua principal forma de protesto consiste em bloquear acessos, seja de tráfego, seja aos prédios, às vezes dando-se as mãos para formar correntes humanas, ou simplesmente sentando no chão. Participam destes atos centenas de "voluntários prontos para serem detidos".
Nesta segunda-feira, a polícia já havia feito 21 detenções em Londres, informou em um breve comunicado, onde desde cedo foram registrados bloqueios de trânsito perto do rio Tâmisa e frente ao Ministério da Defesa.
Os manifestantes previam lugares-chave da cidade, como as pontes de Westminster e Lambeth, pontos centrais do movimento de protesto. Em abril passado, a capital britânica viveu 11 dias consecutivos de manifestações e caos, que perturbaram o tráfego e levaram a mais de 1,1 mil detenções.
Em Berlim, centenas de manifestantes também se reuniram na "grande estrela", uma das principais rotatórias da cidade, equipados com mantas e sacos de dormir.
Também se reuniram no parque entre o Parlamento alemão e a sede do governo, onde foi instalado um "acampamento climático". Ao longo da semana, serão realizados grupos de trabalho e reuniões informativas neste local.
Tensão em Paris
Em uma antecipação dos protestos, no fim de semana, centenas de ambientalistas ocuparam por 17 horas um shopping de Paris, onde houve momentos de tensão.
Segundo imagens transmitidas ao vivo nas redes sociais, as forças de segurança, que recorreram a gás lacrimogêneo, tentaram entrar no edifício, bloqueado com mesas e cadeiras pelos manifestantes. Ao final, os ativistas deixaram o local.
Marcando o início da "Rebelião Internacional" nesta segunda-feira, na Austrália, os ativistas se reuniram na escadaria do Parlamento em Melbourne, para uma "vigília de meditação silenciosa", antes de desfilarem pelas ruas da cidade.
Múltiplos eventos organizados em toda Austrália, como um desfile com pessoas nuas, ou um enterro para o planeta, devem reunir milhares de pessoas esta semana.
— Tentamos com os abaixo-assinados, com lobbying e manifestações. Agora o tempo urge — declarou a militante australiana Jane Morton.
Em Wellington, vários militantes se encadearam a um carro rosa, o que provocou perturbações no centro da capital neozelandesa e cerca de 30 detidos.
Com frequência, os ativistas do XR citam Gandhi, ou Martin Luther King, e promovem a desobediência civil, organizando ações radicais, mas sem violência. Rapidamente, após sua criação, o movimento seduziu personalidades como o linguista Noam Chomsky, a canadense Naomi Klein, ou a autora ambientalista indiana Vandana Shiva, que reforçaram a convocação de adesão.