Prometida inicialmente para fevereiro de 2023, a duplicação da BR-386 entre Lajeado e Marques de Souza, no Vale do Taquari, só deve ser concluída em junho de 2025. A nova prorrogação foi causada pela enchente de maio e pela necessidade de obras emergenciais na rodovia.
Orçada em R$ 120 milhões pela CCR ViaSul, empresa que há seis anos detém a concessão da BR-386, a duplicação teve início em julho de 2021. Após quase dois anos de intervenções, o trabalho foi interrompido em abril do ano passado por problemas entre a concessionária e a empreiteira contratada.
Após um ano com a obra parada, o serviço foi retomado há cinco meses, desta vez pelo Consórcio Via Sul, formado pela antiga Odebrecht e a Power China.
— Com a enchente de maio, tivemos de deslocar mão de obra e equipamentos. Nossa prioridade foi limpar a rodovia, arrumar as cabeceiras de pontes e liberar o trânsito, fazer o que era mais importante para o usuário — diz Gabriel Cunha, coordenador de Engenharia CCR ViaSul.
Atualmente, 303 homens trabalham em quatro trechos dos 20,3 quilômetros de extensão entre os dois municípios. A CCR ViaSul está com mais 50 vagas abertas, procurando desde motorista de caminhão e operador de trator esteira a pedreiro e carpinteiro.
Ao todo, 11,5 quilômetros já estão duplicados e liberados para o tráfego. São sete quilômetros entre o km 325 e 332 e mais 4,5 entre o km 336 e 341.
Os operários trabalham na detonação de obstáculos naturais e na retirada de formações rochosas que correm risco de se desprender do talude à beira do asfalto.
Segundo a CCR, a obra está 92% finalizada, faltando intervenções no viaduto de acesso a Lajeado e a conclusão de faixas adicionais.
Para quem trabalha às margens da BR-386, a obra facilita o tráfego dos mais de 30 mil veículos que transitam diariamente entre Lajeado e Marques de Souza. A fluidez, porém, atrapalha os negócios.
— Tinha que ter mais faixas de retorno. A próxima fica a uns três quilômetros daqui. O caminhão que passa não volta mais — lamenta o mecânico Jair Muller, que há 14 anos trabalha com substituição de molas automotivas em frente ao antigo posto da Polícia Rodoviária Federal.
Impacto maior nas rodovias federais
A enchente de maio que atingiu o Rio Grande do Sul impactou de forma drástica a malha rodoviária gaúcha, agravando problemas já existes e gerando novas complicações. Dos cerca de 13,7 mil quilômetros de estradas afetados pela tragédia climática, 5,2 mil eram em rodovias federais, que ainda têm 16 pontos de bloqueio total ou parcial. O Painel da Reconstrução, desenvolvido pelo Grupo RBS, monitora a recuperação das rodovias gaúchas.
Para executar a recuperação completa das estradas sob sua administração localizadas no Estado, o governo federal projetou investir inicialmente um montante de R$ 1,185 bilhão. Deste valor, até o momento já foram aplicados cerca de R$ 98,6 milhões , além de R$ 289,9 milhões empenhados e R$ 382,1 milhões em contratos assinados com empresas que irão realizar obras nas rodovias.