A mobilização para uma das principais demandas de infraestrutura rodoviária do Rio Grande do Sul nas últimas décadas começará a sair do papel na próxima semana. A partir de segunda-feira (15), inicia a movimentação para obra de duplicação da BR-386, sob responsabilidade da CCR ViaSul desde 2019. Motoristas que cruzarem a rodovia no trecho entre Marques de Souza e Lajeado, no Vale do Taquari, nas próximas semanas vão deparar com o canteiro de obras da duplicação. A data de início dos primeiros trabalhos no terreno ainda está sendo definida pelas equipes responsáveis, mas a tendência é de que isso ocorra até o fim deste mês.
Nessa primeira etapa, 20,3 quilômetros da rodovia serão duplicados, com previsão de finalização até fevereiro de 2023. Até 2036, 225,2 quilômetros entre Carazinho e Canoas serão duplicados, conforme cronograma (veja abaixo). A região entre Lajeado e Tabaí, que já conta com pista dupla, também passará por obras de melhorias no tráfego, com ampliação de capacidade. Atualmente, 165,84 quilômetros da via ainda são de pista simples, segundo a concessionária.
O coordenador de engenharia da CCR ViaSul, Fábio Hirsch, explica que os trabalhos no trecho tendem a iniciar em Marques de Souza em razão de segmentos com várzea e banhado, que necessitam de aterro, e de rochas, o que demanda detonação. O coordenador destaca que as liberações de pista ocorrerão aos poucos, de acordo com o avanço da obra e em dois períodos.
— A gente vai ter liberações parciais ao longo do primeiro ano, sendo que as liberações de segmentos maiores vão ocorrer a partir dos 12 meses — projeta Hirsch.
O coordenador explica que, em razão das características da região, as obras de duplicação ocuparão lados diferentes da rodovia atual, o que também terá impacto no modelo de liberação:
— A rodovia acaba serpenteando. Ora, a duplicação está para um lado, ora, está para o outro. Ao longo desse percurso, de dois anos de obra, a gente vai ter inversão de fluxo, ou da pista nova, que vai estar duplicada e liberada, ou andando na pista antiga.
O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e prefeito de Santa Clara do Sul, Paulo Kohlrausch, afirma que a obra de duplicação gera impacto na economia, porque, dentro do desenvolvimento econômico, a infraestrutura de transporte é importante nesse avanço.
— Vai acabar dando um desafogo aqui nesse trajeto, que é muito movimentado, principalmente porque parte dele fica dentro do perímetro urbano de Lajeado — salienta Kohlrausch.
O presidente da Amvat destaca que, mesmo antes da inauguração do trecho duplicado, a obra já vai provocar impacto na economia da região, com aquecimento de diversos setores, como hotelaria, serviços e comércio, em razão da movimentação no canteiro de obras.
A BR-386 é uma das principais rodovias do Rio Grande do Sul e recebe diariamente veículos pesados que transportam boa parte do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, como mercadorias da agroindústria gaúcha, recebendo a alcunha de "rodovia da produção". Cerca de 15,8 mil veículos cruzam a rodovia por dia no trecho de concessão da CCR ViaSul, segundo dados da concessionária de 2020.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Sérgio Mário Gabardo, afirma que a duplicação da rodovia beneficia o setor em economia e segurança e, consequentemente, auxilia no desenvolvimento do Estado:
— Os benefícios são incalculáveis. Ganhamos tempo, temos economia de combustível, menos acidentes, muito mais segurança, menos manutenção no nosso equipamento.
Em relação ao trecho entre Marques de Souza e Lajeado, Gabardo destaca que as melhorias na rodovia são importantes em um cenário onde Lajeado vem se consolidando como um dos polos econômicos do Estado, aumentando a circulação de veículos na região.
A atual gestão de Marques de Souza, que assumiu no início deste ano, se reuniu com representantes da CCR Viasul nesta semana para tratar de alguns pontos da obra. A prefeitura citou pleito por algumas readequações no projeto, como uma rótula alongada no trevo de acesso ao município e outras demandas. Em comunicado, a gestão municipal destacou que foi bem recebida e que segue tratando sobre o tema. A concessionária informou que sanou algumas dúvidas referentes ao projeto executivo de duplicação.
A projeção
Primeira etapa da duplicação (Marques de Souza - Lajeado)
Impacto financeiro e emprego
- Estão previstos investimentos de cerca de R$ 250 milhões nessa etapa da obra
- Quinze frentes de obras estarão atuando na rodovia, responsáveis pelos serviços de supressão de vegetação, terraplenagem, detonações de rochas, pontes, pavimentação e sinalização de obras
- Serão gerados cerca de 550 empregos diretos e mil indiretos apenas neste primeiro ano
Outras melhorias no trecho
- 13 quilômetros de vias marginais
- 2 retornos em nível
- 6 adequações de acesso
- 4 passarelas de pedestres
- 6 novas pontes
- 6 alargamentos de pontes existentes
- 2 passagens inferiores
- 2 passagens superiores
- Principais pontos críticos desse trecho da rodovia
- Entre os kms 340 e 345, em Lajeado