Há um ano, o mundo científico aguardava com ansiedade a divulgação das primeiras imagens científicas do telescópio espacial James Webb. A espera terminou com um "spoiler" no dia 11 de julho de 2022: o presidente norte-americano Joe Biden antecipou a cerimônia prevista para o dia seguinte e divulgou o primeiro material colorido feito pelo observatório, o SMACS 0723, um aglomerado de galáxias.
No dia seguinte, mais quatro imagens, que deram o indicativo da capacidade do telescópio mais poderoso já construído: Carina nebulosa, o exoplaneta WASP-96B, Nebulosa de Anel do Sul e Quinto de Stephan (veja mais detalhes abaixo).
Nesta quarta-feira (12), uma live comemorativa ao primeiro ano de operação do telescópio James Webb (JWST) será feita pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. O evento ocorrerá às 16h do horário local (17h no horário de Brasília) e terá transmissão ao vivo na Nasa TV, canal do YouTube da instituição.
Segundo o Space Telescope Science Institute (STScI), que administra o projeto, 750 estudos feitos com dados e imagens coletados pelo James Webb.
O Webb levou 30 anos para ser construído e custou cerca de US$ 10 bilhões. Lançado ao espaço em 25 de dezembro de 2021, é atualmente o telescópio espacial mais moderno da Nasa, e foi feito em parceria com com participação da ESA (agência espacial europeia) e CSA (agência espacial canadense).
Registros do James Webb
Nesse primeiro ano, a o observatório foi capaz de registrar imagens em detalhes de galáxias, buracos negros, estrelas e planetas localizados dentro e fora do Sistema Solar. Veja alguns dos registros:
Saturno
No dia 30 de junho de 2023, a Nasa divulgou uma imagem que mostra a intensa luminosidade dos anéis de Saturno. O registro foi feito com o auxílio da NIRCam, uma câmera de infravermelho próximo integrada à tecnologia espacial, capaz de enxergar além da capacidade do olho humano.
Buraco negro supermassivo
O buraco negro foi identificado na galáxia CEERS 1019, que foi criada 570 milhões de anos após o Big Bang, e está a 13,2 bilhões de anos-luz de distância do nosso planeta. Segundo a Nasa, ele é menos massivo do que qualquer outro já identificado na origem do universo, tendo cerca de 9 milhões de massas solares. Esses gigantes normalmente contêm mais de 1 bilhão de vezes a massa do Sol e são mais fáceis de detectar porque são muito mais brilhantes, algo não verificado neste caso.
Molécula de carbono
O telescópio espacial conseguiu registrar, pela primeira vez, uma molécula de carbono no espaço. O componente, chamado de cátion metila (CH3+) foi encontrado em um disco protoplanetário (formado por gás e poeira ao redor de uma estrela) do sistema estelar jovem, d203-506, que está localizado na Nebulosa de Orion, a 1.350 anos-luz da Terra. O cátion metila auxilia na constituição da vida como conhecemos e contribui na formação de moléculas mais complexas baseadas em carbono.
Carina nebulosa
O James Webb registrou uma das nebulosas (nuvens de poeira espacial onde estrelas são formadas) mais brilhantes do céu. Na Carina nebulosa, ficam estrelas várias vezes maior que o Sol. Ela está a 7,5 mil anos-luz de distância da Terra. Foi uma das cinco primeiras imagens divulgadas há um ano.
WASP-96B
Os astrônomos da Nasa divulgaram o registro obtido com o James Webb da composição da atmosfera do exoplaneta (fora do sistema solar) WASP-96B, localizado a 1.150 anos-luz da Terra. A foto indica que há vapor de água na atmosfera.
Nebulosa de Anel do Sul
A tecnologia espacial produziu imagens de uma nebulosa planetária, ou seja, de uma nuvem de gás criada a partir do processo de morte de uma estrela. O telescópio foi capaz de registrar a presença de duas estrelas no centro da Nebulosa de Anel do Sul, algo que os cientistas sabiam, mas não tinham registrado até o momento. Ela fica a uma distância de 2 mil anos-luz da Terra.
Quinto de Stephan
O telescópio registrou um grupo de cinco galáxias que fica na constelação de Pegasus, a 290 milhões anos-luz da Terra
SMACS 0723
O James Webb conseguiu captar imagens da composição química de uma galáxia que está a 13,1 bilhões de anos-luz de distância da Terra. Foi a primeira imagem feita pelo telescópio, e a mais profunda, ou longínqua, já registrada do universo.
HD 84406
A primeira imagem de estrela captada com o James Webb foi da HD 84406, que fica na constelação de Ursa Maior , a 241 anos-luz de distância da Terra.
HIP 65426 b
O HIP 65426 foi o primeiro exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar) captado com o telescópio James Webb. Esse corpo celeste fica a 355 milhões de anos-luz de distância da Terra, tem idade estimada entre 15 e 20 milhões de anos e sua massa é de seis a 12 vezes a de Júpiter.
Júpiter
O telescópio espacial capturou algumas imagens inéditas de Júpiter e de sua lua. O planeta fica a 590 milhões de quilômetros da Terra.
Marte
Em 2022, o JWST capturou as primeiras imagens de Marte, planeta que está a 225 milhões de quilômetros da Terra. Com os registros, foi possível obter dados sobre as características da superfície marciana e as diferenças de temperatura ao longo do corpo celeste.
Netuno
A tecnologia espacial registrou uma imagem do planeta e de sete de suas 14 luas conhecidas: Galatea, Naiad, Thalassa, Despina, Proteus, Larissa e Triton. Segundo os astrônomos, esse foi o registro mais nítido de Netuno em 30 anos.
Estrela 2MASS J17554042+6551277
Durante teste de calibração fina, o telescópio conseguiu captar uma imagem em alta qualidade da estrela 2MASS J17554042+6551277, que fica a 2 mil anos-luz de distância da Terra
Nebulosa de Órion
A tecnologia espacial captou imagens da nebulosa localizada na constelação de Órion, a 1,3 mil anos-luz da Terra.
Pilares da Criação
O JWST registrou uma imagem do Pilares da Criação, em tons de azul, vermelho e cinza. Ele é um um aglomerado de poeira e gás, que fica no coração da Nebulosa de Águia, a 6,5 mil anos-luz de distância da Terra.