A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) divulgou nesta quarta-feira (21), em seu site oficial e nas redes sociais, as primeiras imagens de Netuno obtidas com o telescópio espacial James Webb (JWST). Os registros fotográficos serão utilizados para a coleta de informações e realização de pesquisas sobre o planeta, que permitirão a compreensão de sua formação e constituição atmosférica.
Nas imagens, é possível avistar Netuno, com seus anéis, que são formados por bilhões de partículas de rocha, gelo e poeira, e sete de suas 14 luas conhecidas: Galatea, Naiad, Thalassa, Despina, Proteus, Larissa e Triton. Essa última ganha destaque em uma das fotografias e aparece como um ponto de luz muito brilhante.
Para a obtenção dos registros fotográficos, foi utilizada a Near-Infrared Camera (NIRCam), do telescópio espacial. Essa tecnologia possui três filtros infravermelhos que permitem captar detalhes de corpos celestes muito distantes de um observador terrestre. Netuno, por exemplo, está a 4 bilhões de quilômetros da Terra, o que faz com que seja o único planeta do Sistema Solar que não é visível a olho nu.
As imagens de Netuno, assim como todas as outras produzidas pelo JWST, foram registradas em ondas infravermelhas, imperceptíveis ao olho humano e, posteriormente, convertidas para a luz visível.
Em um comunicado, a Nasa informou que esses são os registros fotográficos mais nítidos dos anéis do planeta que foram obtidos nos últimos 30 anos e que as fotografias possibilitarão uma análise do planeta sob uma nova perspectiva. "Faz três décadas desde a última vez que vimos esses anéis fracos e empoeirados, e esta é a primeira vez que os vemos no infravermelho", explicou Heidi Hammel, cientista da equipe interdisciplinar do telescópio James Webb.
Em um post publicado no perfil do Twitter dedicado aos registros do JWST, há uma comparação da qualidade e nitidez ao longo do tempo de três imagens de Netuno. A primeira foi obtida em 1989 pelo Voyager 2. A segunda, registrada pelo Hubble no ano passado. A última, mais recente, do James Webb.
Confira os posts:
O planeta de gelo
Netuno foi identificado pela primeira vez em 1846. Esse corpo celeste está localizado a 4 bilhões de quilômetros da Terra. Para efeitos de comparação, ele fica 30 vezes mais distante do Sol do que a Terra.
O planeta orbita uma região escura e remota do Sistema Solar externo. Ele é conhecido como planeta de gelo em função da composição química de seu interior, que é constituído por gases como o nitrogênio, que é mais pesado do que o hidrogênio e o hélio (facilmente encontrados em outros corpos celestes).
A cor característica de Netuno é azul devido a grandes quantidades de metano gasoso. No entanto, no registro fotográfico obtido pelo James Webb, o planeta não aparece com essa coloração tão destacada porque o metano absorve fortemente a luz vermelha e infravermelha dos instrumentos do telescópio, e isso provoca o escurecimento da imagem.
Em todas fotografias já obtidas do planeta, é possível ver um brilho característico na zona equatorial, local onde ocorre uma grande circulação atmosférica, responsável pelos ventos e tempestades frequentes em Netuno.
Até o momento, os astrônomos identificaram 14 luas que orbitam o planeta. A mais famosa, Tritão, reflete em média 70% da luz solar que atinge Netuno e apresenta uma órbita incomum para trás, chamada de retrógrada.
Para alguns estudiosos, a explicação para a órbita incomum de Tritão se explica pelo fato dessa lua pertencer originalmente ao cinturão de Kuiper e, pela ação gravitacional, ter sido "puxada" para perto de Netuno. No próximo ano, a Nasa pretende realizar novos estudos sobre esse assunto.