Cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, descobriram recentemente em um fóssil de um peixe pré-histórico, que havia sido coletado há mais de um século e estava nos arquivos do Museu de Manchester, o cérebro mais antigo e bem preservado de que se tem registro. A descoberta foi anunciada em um estudo publicado na quarta-feira (1º) na revista Nature. Com informações da BBC e da CNN.
Os pesquisadores conseguiram descobrir que dentro do crânio fossilizado havia um cérebro em ótimo estado de conservação. Isso surpreendeu a equipe porque ao contrário de ossos e dentes duros, é raro encontrar tecido cerebral, que normalmente é mole, preservado em fósseis de vertebrados.
Por meio da tomografia computadorizada (TC), uma técnica de imagem não destrutiva, os cientistas identificaram aspectos do interior do cérebro do Coccocephalus wildi, peixe pré-histórico que viveu há 319 milhões de anos.
"Foi tão inesperado que demoramos um pouco para ter certeza de que realmente era um cérebro. Além de ser uma curiosidade de preservação, a anatomia do cérebro neste fóssil tem grandes implicações para a nossa compreensão da evolução do cérebro em peixes", disse o paleontólogo Sam Giles, co-autor do estudo, em comunicado enviado à imprensa.
O fóssil do Coccocephalus wildi havia sido encontrado há mais de um século em uma mina de carvão da cidade inglesa de Lancashire. Apesar disso, só recentemente que um grupo de pesquisadores decidiu realizar um estudo detalhado sobre o achado, que se encontra atualmente no Museu de Manchester.
Resultados da pesquisa
O exame de imagem revelou uma espécie de bolha não identificada dentro do crânio e também mostrou uma estrutura cerebral claramente definida com características encontradas em cérebros de vertebrados: órgão bilateralmente simétrico, com espaços ocos semelhantes em aparência a ventrículos e filamentos que se estendiam e que se assemelhavam a nervos cranianos.
Em comunicado à imprensa, Sam Giles afirmou que essa descoberta foi inesperada e trouxe uma nova visão sobre a evolução do cérebro dos peixes ósseos.
— Isso nos mostra um padrão mais complicado de evolução do cérebro do que o sugerido apenas pelas espécies vivas, permitindo-nos definir melhor como e quando os peixes ósseos atuais evoluíram — disse o pesquisador aos veículos locais.
Embora somente o crânio do animal pré-histórico tenha sido recuperado, os cientistas estimam que o Coccocephalus wildi, que está extinto, tivesse de 15 a 20 centímetros de comprimento. Os pesquisadores também acreditam que o animal era carnívoro e que se alimentava de pequenos animais e insetos aquáticos.
O grupo de pesquisadores acredita que esse estudo possa ser um primeiro passo para a realização de novas pesquisas sobre a anatomia cerebral dessa espécie pré-histórica de que ainda se tem poucas informações.