A Nasa (agência espacial norte-americana) divulgou recentemente imagens das nuvens de Marte, obtidas com a sonda espacial Curiosity. O registro fotográfico foi feito em 12 de dezembro do ano passado, durante o dia 3.325 da missão de exploração ao planeta, liderada pelo Jet Propulsion Laboratory (JPL).
Com fazer o registro fotográfico, a câmera da sonda precisou fazer uma longa exposição das imagens para conseguir identificar o movimento das nuvens. Numa imagem estática seria quase impossível identificá-las.
Em um comunicado oficial, a Nasa explicou que foram utilizadas também técnicas especiais de imagem para poder visualizar as nuvens marcianas, pois elas têm uma aparência quase imperceptível se vistas da atmosfera.
— Para isso, várias imagens são tiradas para obter um plano de fundo claro e estático. Dessa maneira, é possível que qualquer outra coisa que se movimente dentro da imagem, como nuvens ou sombras, se torne visível depois de eliminar esse fundo estático de cada imagem individual — esclareceu a agência espacial.
Apesar das estratégias adotadas, a obtenção do registro fotográfico foi muito difícil porque a sonda foi desenvolvida e preparada para analisar o solo de Marte, mas não tem uma boa estrutura para realizar observações do céu do planeta.
Resultado
A sonda foi programada para produzir um GIF de oito quadros por segundo. A partir da comparação da diferença de perspectivas das imagens, os cientistas conseguirão calcular a velocidade das nuvens e a altura delas no céu, que chegam a aproximadamente 80 quilômetros da superfície do planeta.
Em razão do frio extremo decorrente da elevada altitude, os pesquisadores acreditam que as nuvens sejam compostas de gelo de dióxido de carbono. Se elas tivessem localizadas em baixas altitudes, provavelmente seriam compostas de gelo de água.
Segundo Thiago Signorini, astrônomo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esses registros fotográficos são importantes porque permitem demonstrar como esse tipo de observação avançou ao longo dos anos. Além disso, de acordo com ele, os estudos das atmosferas de planetas do Sistema Solar podem servir de parâmetro de comparação com os dados dos planetas extrassolares — orbitam outras estrelas sem ser o Sol — que serão observados pelo telescópio espacial James Webb.
James Webb
O telescópio espacial James Webb foi lançado ao espaço em 25 de dezembro do ano passado. Ele foi construído a partir de uma parceria entre a agência espacial norte-americana (Nasa) e a agência espacial europeia (ESA).
O objeto espacial fará o registro de estrelas, galáxias e corpos celestes. Ele também será usado para estudar a composição química da atmosfera de planetas extrassolares. Os dados obtidos ajudarão a compreender aspectos relacionados à origem e formação do universo.