Nesta quarta-feira (10), a engenheira elétrica e cientista da computação Katherine Louise Bouman atualizou sua foto de perfil em uma rede social para uma imagem dela em frente a um computador na qual um programa processava uma imagem histórica: a primeira imagem já feita de um buraco negro na história da humanidade.
"Assistindo na descrença como a primeira imagem que eu já fiz de um buraco negro estava em processo de ser reconstruída", escreveu a cientista, ainda incrédula, na legenda da foto, que teve mais de 12 mil compartilhamentos até as 21h20min desta quarta-feira.
Após a foto acima viralizar, o jornal The Washington Post a entrevistou (veja o vídeo deles abaixo, em inglês). Formada nas duas faculdades pelo Massachussets Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, Katherine tem 29 anos e foi quem liderou a criação de um algoritmo que permitiu aos demais estudiosos capturarem a imagem do buraco negro pela primeira vez.
Apesar de não ser formada em astronomia, ela é pesquisadora de pós-doutorado no Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica e, segundo o jornal, vinha desenvolvendo há seis anos um algoritmo capaz de captar a imagem, mas contou a novidade apenas aos seus colegas cientistas da equipe do Event Horizon Telescope. O trabalho ocorreu em sigilo desde que ela era uma estudante de pós-graduação no Massachusetts Institute of Technology (MIT). A pesquisa de Katherine com a aprendizagem de máquinas e os algoritmos providenciou aos astrônomos do projeto as informações que os radiotelescópios não eram capazes de captar no espaço.
Apoiada por outros cientistas da computação, ela usou o algoritmo para processar dados coletados pelos telescópios que estavam espalhados pelo mundo em um esforço coletivo de astrônomos, engenheiros e matemáticos. No entanto, “um número infinito de imagens possíveis” poderia explicar os dados obtidos, explicou Bouman em entrevista ao jornal. E foi aí que entrou o trabalho dos algoritmos, que tiveram de organizar o caos.
Os buracos negros são aglomerados com uma enorme massa de matéria concentrada em um volume reduzido, o que leva à distorção do espaço-tempo. A teoria geral da relatividade de Albert Einstein previa que qualquer estrela ou fóton que passasse perto do buraco negro seria capturado pela gravidade. Daí veio o nome: um local no espaço que "engole" tudo que passa, até a luz.
— Eu tenho interesse em como podemos ver ou medir coisas que são consideradas invisíveis para nós — explicou a cientista ao jornal.
No Twitter, o MIT publicou uma foto de Katherine com os drives que agregaram todos os dados usados pelos cientistas.