A promotora da Infância e Juventude do Ministério Público do Rio Grande do Sul em Porto Alegre, Cinara Braga, afirma que houve omissão no caso da menina Kerollyn Souza Ferreira, de nove anos, que teve o corpo localizado na manhã de sexta-feira (9) dentro de um contêiner de lixo em Guaíba, na Região Metropolitana.
— Houve uma omissão. Se eu tenho uma notícia de uma criança que está perambulando sozinha, apresenta sinais de maus-tratos, anda mal vestida, a gente não pode se omitir — diz.
Sem relacionar com o caso específico, a promotora afirma que cabe ao Estado e à sociedade a proteção das crianças e adolescentes. Porém, o Ministério Público deve investigar o que houve na cidade de Guaíba, pois, segundo a promotora, casos como o da Kerollyn precisam ser apurados.
— Quando o conselheiro não consegue resolver a questão, ele tem por obrigação reportar ao Ministério Público. Kerollyns a gente tem muitas no nosso Brasil, e não podemos permitir — afirma a promotora.
De acordo com a promotora, casos de óbito são um pouco mais raros, mas são mais de 33 mil crianças acolhidas no Brasil, que foram retiradas da família.
A promotora afirma ainda que o Conselho Tutelar tem que ser qualificado, e chama a atenção para a eleição para os cargos.
Relembre o caso
A Polícia Civil prendeu a mãe da menina, Carla Carolina Abreu Souza, 30 anos, de forma temporária. No bairro Cohab Santa Rita, onde a garota morava com a mãe e três irmãos, os relatos são de que ela vivia uma situação de abandono. Era num carro abandonado, numa praça perto de casa, que a menina se abrigava e dormia muitas vezes, segundo testemunhos apresentados à Polícia Civil. O pai de Kerollyn, Matheus Ferreira, que vive em Santa Catarina, relatou pelas redes sociais e ao g1 RS ter procurado o Conselho Tutelar ao menos seis vezes. Em julho de 2022, registrou ocorrência contra a mãe da menina, por ameaça.
A polícia ainda não sabe o que causou a morte de Kerollyn. Uma das possibilidades apuradas é a de que a mãe tenha administrado algum sedativo na menina, e que isso tenha causado o óbito. No entanto, isso só poderá ser confirmado pela perícia. São verificadas imagens de câmeras de segurança, na tentativa de identificar quem depositou o corpo da criança no contêiner.