Acusado de matar a companheira no início deste ano, em Montenegro, no Vale do Caí, Alexsandro Alves Gunsch será julgado pelo Tribunal do Júri. A decisão, desta quarta-feira (28), é da juíza Débora Vissoni, da primeira Vara Criminal. Ainda não há data marcada para o julgamento, e a defesa diz que vai recorrer.
O homem de 48 anos responde por feminicídio qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele é acusado de matar a personal trainer Débora Michels Rodrigues da Silva, 30 anos. O casal estava em processo de separação após um relacionamento de 11 anos.
Na decisão, a magistrada também manteve a prisão preventiva de Alexsandro, que foi decretada um dia após o crime.
Débora foi encontrada morta na manhã do dia 26 de janeiro, em frente à casa dos pais. À Polícia Civil, o homem admitiu ter agredido a mulher e ter abandonado o corpo dela na calçada. Conforme o depoimento de Alexsandro, durante uma discussão, ele e a vítima trocaram agressões, ele a segurou pelo pescoço, levantou a companheira e a arremessou contra um guarda-roupas, momento em que ela teria começado a passar mal.
Na sequência, ainda conforme o relato do homem, ele colocou Débora no carro e, no deslocamento, percebeu que ela estava morta. Ele disse ter ficado desesperado com a situação e decidido deixar o corpo em frente à casa da família.
No entendimento do Ministério Público, no entanto, o crime teria acontecido de outra forma. Para a acusação, ele assassinou Débora de forma premeditada. Após fazer uso de cocaína, por estar irritado pelo término do relacionamento, teria esganado a personal trainer.
Dois dias antes de ser encontrada morta, Débora havia feito a vistoria no imóvel onde planejava recomeçar a vida.
A vítima
Debby, como era conhecida, atuava como personal trainer desde 2011. Nas redes sociais, compartilhava dicas e a rotina de treinos. Formada em Educação Física pela Unisinos, trabalhava em uma academia em Montenegro.
Dedicada aos cuidados com o corpo, chegou a vencer competições de fisiculturismo. Alexsandro também é fisiculturista. Os dois trabalhavam na mesma academia, segundo a família.
A morte de Débora causou comoção no município, onde chegou a ser realizado um protesto.
Contraponto
Conforme Daniela Schneider Couto, advogada de Alexsandro Alves Gunsch, a defesa ainda não foi intimada da sentença de pronuncia, que oficializa o júri. Entretanto, a advogada irá recorrer da decisão e considera que há cerceamento da defesa, já que foram solicitadas diligências que não foram acatadas.
Como pedir ajuda
Brigada Militar – 190
- Se a violência estiver acontecendo, a vítima ou qualquer outra pessoa deve ligar imediatamente para o 190. O atendimento é 24 horas em todo o Estado.
Polícia Civil
- Se a violência já aconteceu, a vítima deverá ir, preferencialmente, à Delegacia da Mulher, onde houver, ou a qualquer Delegacia de Polícia para fazer o boletim de ocorrência e solicitar as medidas protetivas.
- Em Porto Alegre, a Delegacia da Mulher fica na Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia, no bairro Azenha. Os telefones são (51) 3288-2173, 3288-2327 e 3288-2172 ou 197 (emergências).
- As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias. Há DPs especializadas no Estado. Confira a lista neste link.
Delegacia Online
- É possível registrar o fato pela Delegacia Online, sem ter que ir até a delegacia, o que também facilita a solicitação de medidas protetivas de urgência.
Central de Atendimento à Mulher 24 Horas – Disque 180
- Recebe denúncias ou relatos de violência contra a mulher, reclamações sobre os serviços de rede, orienta sobre direitos e acerca dos locais onde a vítima pode receber atendimento. A denúncia será investigada e a vítima receberá atendimento necessário, inclusive medidas protetivas, se for o caso. A denúncia pode ser anônima. A Central funciona diariamente, 24 horas, e pode ser acionada de qualquer lugar do Brasil.
Defensoria Pública – Disque 0800-644-5556
- Para orientação quanto aos seus direitos e deveres, a vítima poderá procurar a Defensoria Pública, na sua cidade ou, se for o caso, consultar advogado(a).
Centros de Referência de Atendimento à Mulher
- Espaços de acolhimento/atendimento psicológico e social, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência.