O ex-seminarista Gil Grego Rugai, condenado a 33 anos e nove meses de prisão pelos assassinatos do pai e da madrasta a tiros, foi solto e deixou a prisão nesta quarta-feira (14). O crime ocorreu em 28 de março de 2004, em São Paulo.
Rugai estava preso na Penitenciária de Tremembé, conhecida como "presídio dos famosos", em São Paulo. A decisão que concedeu a progressão para o regime aberto foi assinada pela juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, do Departamento Estadual de Execução Criminal, da comarca de São José dos Campos. Rugai usará tornozeleira eletrônica (saiba mais sobre as regras abaixo). As informações são do portal g1.
Rugai foi preso pela primeira vez em 2004 e, desde então, já teve entradas e saídas da prisão. Nesta quarta-feira (14), ele deixou a prisão às 16h27min.
Progressão de regime
A defesa de Gil Rugai pediu a progressão ao regime aberto em julho do ano passado. No processo, o Ministério Público de São Paulo foi contra. O órgão informou à reportagem do g1 que deve recorrer da decisão que liberou Rugai nesta quarta-feira.
Entre os motivos, a juíza decidiu autorizar que Rugai cumpra o restante da pena fora da cadeia "uma vez que o requerente comprovou a presença dos requisitos legais necessários".
"Com efeito, preencheu o lapso temporal necessário e seu comportamento carcerário é considerado ótimo pelo Serviço de Segurança e Disciplina do estabelecimento prisional", disse a juíza na decisão.
No ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já havia autorizado que Rugai estudasse fora da prisão com o uso de tornozeleira eletrônica. Ele, então, passou a frequentar as aulas do curso de Arquitetura em uma universidade particular de Taubaté, no interior de São Paulo.
Regras para o cumprimento da pena
- Utilizar tornozeleira eletrônica
- Comparecer trimestralmente à Vara de Execuções Criminais competente ou à Central de Atenção ao Egresso e Família para dar informações sobre suas atividades
- Obter ocupação lícita no prazo de 90 dias e comprovar que o fez
- Permanecer em sua residência durante repouso noturno (entre 20h e 6h), fins de semana e feriados, salvo com autorização judicial
- Não mudar da Comarca sem prévia autorização
- Não mudar de residência sem comunicar o juízo
Passagem pelo RS
Em 2008, Gil Rugai se mudou para um prédio na Rua Coronel Niederauer, em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, onde morou durante cerca de um ano. Ele estudava em um cursinho pré-vestibular. A intenção dele à época era ingressar no curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
À época, imagens de uma reportagem da Record mostraram o suspeito em locais como o Calçadão de Santa Maria e em Restinga Seca, onde trabalhou como publicitário em uma campanha eleitoral. Após ser descoberto, Rugai se entregou em São Paulo, onde foi preso e julgado.
Em janeiro de 2013, Rugai conquistou a vaga no curso de Biomedicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), em Porto Alegre, pela nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No entanto, ele foi condenado naquele ano e desistiu do curso.
Relembre o crime
Gil Rugai foi acusado de matar o pai, o publicitário Luiz Carlos Rugai, na época com 40 anos, e a madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, no dia 28 de março de 2004. O casal foi encontrado baleado na casa em que morava, no bairro Perdizes, zona oeste de São Paulo, onde também funcionava a agência de publicidade deles. Luiz Carlos foi baleado com seis tiros e a mulher com cinco.
Na época, Rugai tinha 20 anos. A Polícia Civil e o Ministério Público o acusaram dos assassinatos para encobrir um desfalque de R$ 25 mil na agência onde ele também trabalhava. Ele foi visto saindo da casa no horário provável dos crimes. Rugai sempre negou os assassinatos.
O julgamento do acusado foi adiado duas vezes, em 2010 e 2011. Em 2013, o júri o condenou a 33 anos e nove meses de prisão pelo duplo homicídio. Houve recurso e, em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a condenação.