Entidades que representam agentes da segurança pública estadual consideram insuficiente o reajuste de 12,49% anunciado nesta terça-feira (16) pelo governador Eduardo Leite. A correção, que integra o pacote para o funcionalismo, será dividida em três parcelas, a serem pagas em janeiro de 2025, outubro de 2025 e outubro de 2026, com custo estimado em R$ 1,1 bilhão.
A avaliação negativa é compartilhada por entidades que representam profissionais da Polícia Civil, Brigada Militar e Polícia Penal.
Presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Asdep), Guilherme Wondracek, diz que a categoria acumula 64% de defasagem salarial desde 2014 e deveria ser equiparada a outras carreiras, como a de procurador do Estado.
— A proposta do governo concede aumento para um analista da PGE (Procuradoria-Geral do Estado) de R$ 13 mil para R$ 21 mil, que vai ganhar o mesmo que um delegado, que se expõe a um risco extremo e tem responsabilidade muito maior — afirma.
A Ugeirm, que representa servidores da Polícia Civil, classificou o anúncio como "ridículo".
Líder do Sindicato da Polícia Penal, Cláudio Desbessell diz que o índice proposto "entristece" a categoria:
— A segurança esteve na linha de frente na pandemia e na enchente. Muitos colegas estão hoje com as contas extrapoladas, em vulnerabilidade.
O índice proposto também foi rejeitado por associações de servidores da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros, como Abamf (nível médio), Asofbm (oficiais) e ASSTBM (sargentos, subtenentes e tenentes). Os militares argumentam que o reajuste vai incorporar valores que hoje são pagos na parcela de irredutibilidade, que reuniu as gratificações pessoais dos funcionários quando o governo implementou o pagamento por subsídio.
"O RS caminha novamente para ser o pior salário do Brasil da Segurança Pública, em contrapartida são os que melhores resultados apresentam ao governo", diz nota da ASSTBM.
A Associação de Bombeiros do Estado do RS (ABERGS) manifestou em nota "o seu profundo descontentamento com os índices de recomposição salarial".
"Consideramos inaceitável a proposta, que desvaloriza e desrespeita o trabalho árduo e essencial desempenhado por nossos profissionais, especialmente nos últimos anos frente às adversidades climáticas que castigam os gaúchos", informa o texto. Conforme a entidade, os índices propostos pelo governo "não refletem a importância e a responsabilidade inerentes à nossa profissão".
Outras carreiras
Entre as demais carreiras, a avaliação sobre o pacote é mais comedida. Presidente da Fessergs, que reúne uma série de sindicatos estaduais, Sérgio Arnoud, relata que a entidade vai se reunir nesta quarta para tirar uma posição definitiva:
— Em alguns pontos, o governo agregou nossas preocupações. Em outros, não.
Presidente do Sintergs, que congrega servidores de nível superior, Nelcir Varnier, diz que a proposta atende parte das necessidades do grupo:
— Estamos há muito tempo em campanha pela restruturação e pela recomposição de perdas salariais. Vemos uma boa vontade do governo. Ficou aquém das expectativas, mas tudo o que for bom vamos apoiar.
O governo deve enviar os projetos à Assembleia nesta quarta-feira (17). A votação está prevista para sexta (19).