Ainda não há data definida para o restabelecimento integral do sistema de videomonitoramento no parque da Redenção. Na semana passada, o caso de assédio sexual denunciado por uma frequentadora, que praticava corrida no local no dia 3 de julho, deu notoriedade à falha que ocorria em seis dos 25 equipamentos instalados no local.
A descoberta aconteceu por decorrência da investigação iniciada pela Polícia Civil. Ao procurar por imagens do agressor, as autoridades souberam sobre a indisponibilidade de parte das câmeras. Mulheres reuniram-se no dia 13 de julho para protestar.
Nesta segunda-feira (22), a Secretaria Municipal de Segurança confirmou que, das seis câmeras as quais estavam danificadas, uma voltou a operar. O órgão da prefeitura informou que o equipamento restabelecido não é o colocado próximo ao chafariz central, local onde teria ocorrido o assédio contra a frequentadora.
— Frequento a Redenção com meus dois filhos quase diariamente. A gente acredita estar protegida. Me sinto segura aqui. As câmeras em funcionamento são importantes para quem faz do parque uma extensão de sua casa para o lazer e o esporte — avalia a fonoaudióloga Fabiana de Oliveira, 50 anos.
Durante a manhã, em ritmo de férias escolares, Fabiana relaxava sob o calor do sol, enquanto os pequenos Rodrigo e Alice alternavam corridas e pedaladas em sua bicicleta, bem abaixo da câmera que deixou desguarnecida de provas a vítima do assédio no começo do mês.
A alguns metros dali, sentadas no gramado, as estudantes de psicologia Stephane Rodrigues, 25 anos, e Nathalia Dias, 23, compartilham alimentos, leituras, histórias e brincadeiras com a pet Kiara.
— Câmeras em ambientes públicos trazem mais sensação de segurança e podem inibir a atitude de um agressor — pondera Stephane, sob o olhar de assentimento da colega.
Em percurso sobre o saibro avermelhado dos caminhos do parque, o consultor financeiro Luis Fernando Moreira, 66 anos, afirma considerar que a Redenção precisa transmitir sensação de segurança.
— Aqui é o pátio da casa de muita gente. Todo o entorno é formado por bairros verticais, densos. Precisa ser um local seguro para todos — analisa.
Investigação
Procurada para comentar sobre avanços na investigação de assédio sexual, a delegada Fernanda Campos, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, afirmou não poder oferecer detalhes sobre as apurações por decorrência do protesto dos delegados acerca da discordância com medidas salariais adotadas pelo governo do Estado.
A investigação trabalha com o relato de uma assistente social de 37 anos, que registrou boletim de ocorrência em 3 de julho, apontando que um homem assobiou, emitiu gemidos e fez gestos sexuais enquanto olhava para ela durante sua prática de esporte.
Como a câmera mais próxima estava inativa, a polícia solicitou imagens de outros pontos de vista do parque. A delegada não quis informar se estas gravações foram recebidas e integradas ao inquérito.
Leia a íntegra da nota da Secretaria de Segurança de Porto Alegre
"A Secretaria Municipal de Segurança (SMSEG) informa, por meio do Centro Integrado de Coordenação de Serviços (Ceic-POA), que das 25 câmeras instaladas na Redenção, 20 estão em funcionamento. Um equipamento foi restabelecido entre a última quarta-feira, 17, e esta segunda-feira, 22. A pasta segue trabalhando junto à Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa) para normalizar o videomonitoramento do parque."