
O segundo dia do julgamento de David da Silva Lemos, nesta quarta-feira (14), começou com o depoimento do tio dele. O réu é acusado de matar, em 2022, os quatro filhos: Yasmin, 11 anos, Donavan, oito, Giovanna, seis, e Kimberlly, três. O acusado optou por ficar em silêncio durante o interrogatório, já na tarde desta quarta.
O crime aconteceu em Alvorada, na Região Metropolitana, onde também ocorre o júri.
O tio de 48 anos é irmão de Thays da Silva Antunes, mãe das crianças. Ela prestou depoimento na terça-feira (13). Ele foi ouvido nesta quarta como informante.
O familiar relatou morar no mesmo terreno que o casal e as crianças. Contou que mantinha relação distante com o réu, que dava pouco espaço para conversas.
Ele disse que o relacionamento entre Lemos e Thays era instável: eles terminam e retornavam, o que o descontentava. O tio afirmou ter orientado que ambos se separassem para resolver a situação.
O tio disse não ter presenciado agressões físicas por parte do réu contra a mãe e as crianças. No entanto, afirmou que Lemos aparentava ser distante dos filhos. Kimberlly, três anos, a vítima mais nova, era com quem ele tinha mais proximidade, conforme o relato.
— Notava que ele era ausente com as crianças. Não via entrosamento com elas. Pouca vezes notei ele brincando no pátio com as crianças — disse o tio.
O júri
Nesta quarta-feira, outras três testemunhas foram ouvidas. Uma delas é o dono do bar onde o réu esteve depois do crime. Foi ele quem entregou à polícia a mochila e o telefone deixados pelo réu no estabelecimento.
Uma perita criminal também foi ouvida. O depoimento dela aconteceu sem a presença do público em razão do sigilo médico.
O réu começou a ser interrogado por volta do meio-dia, mas optou por ficar em silêncio perante o tribunal.
Lemos está preso desde a época do crime e responde por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, ao utilizar a morte dos filhos como ''instrumento de sofrimento à ex-companheira'', e por meio cruel, ''desferindo nas vítimas múltiplos golpes com arma branca, causando-lhes extenso sofrimento'', além de asfixia, no caso da menina de três anos.
O julgamento tem previsão de término no fim da tarde desta quarta-feira.

Relembre o caso
As vítimas são os irmãos Yasmin, 11 anos, Donavan, oito, Giovanna, seis, e Kimberlly, três. Três crianças foram encontradas com marcas de facadas e uma com sinais de asfixia.
A mãe das vítimas tinha medida protetiva contra o acusado na época do crime, segundo o delegado Edimar Machado.
As crianças foram encontradas mortas na casa onde estavam com o pai em Alvorada por volta das 19h30min de 13 de dezembro de 2022, quando familiares acionaram a polícia. David da Silva Lemos já havia deixado o local, mas foi encontrado no dia seguinte, em um hotel na Capital.
Segundo a polícia, ao ser preso, o homem confessou ter cometido o crime. Disse, ainda, que deu calmante às crianças antes de as matar. No entanto, na delegacia, durante o depoimento e acompanhado de um defensor público, permaneceu em silêncio.
A mãe das crianças e Lemos tiveram relacionamento por 11 anos. Eles haviam se separado havia cerca de três meses na época do crime. O rompimento foi motivado por uma agressão. Ela registrou um boletim de ocorrência e conseguiu medida protetiva contra o homem.
Contraponto
Os advogados Thais Constantin, Deise Dutra e Marçal Carvalho, que representam Lemos, informaram que irão se manifestar somente no plenário do Tribunal do Júri.