Os indicadores de criminalidade de maio indicam que o Rio Grande do Sul manteve a redução nos homicídios e feminicídios, mas teve aumento nos casos de roubos com morte, os latrocínios. Os crimes patrimoniais, como furtos, roubos e roubos de veículos, apresentaram redução, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados na tarde desta terça-feira (4) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado.
No caso dos assassinatos, a queda no quinto mês do ano foi de 29,1% no Estado – de 110 vítimas para 78. Porto Alegre também manteve a redução nesse indicador, com 11 casos registrados em maio – no mesmo período do ano passado tinham sido 13 vítimas. No acumulado do ano, os primeiros cinco meses de 2024 apresentam queda de 15% nos assassinatos.
Outro crime que manteve a queda são os assassinatos de mulheres em contexto de gênero, os feminicídios. Neste caso, a diminuição é de 60% no comparativo com o mesmo período de 2023. Em maio deste ano, foram dois casos de feminicídio no Estado, enquanto no mesmo período do ano passado ocorreram cinco. Na Capital, no entanto, houve elevação deste crime. Enquanto em maio do ano passado não foi registrada nenhuma morte de mulher nesse contexto, desta vez houve um caso.
O crime ocorrido em Porto Alegre teve como vítima uma garota de 17 anos assassinada a tiros na Zona Sul. O suspeito foi apreendido em casa pelo feminicídio, que ocorreu na Rua Stephan Zweig durante a madrugada. Moradores ouviram disparos e localizaram o corpo da jovem em uma praça.
Após o assassinato, o adolescente teria contado para a mãe o que fez com a garota. O suspeito optou por permanecer em silêncio em seu depoimento – ele foi encaminhado à Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase).
A queda dos indicadores, na visão do subchefe da Polícia Civil, delegado Heraldo Chaves Guerreiro é resultado das ações realizadas nos últimos anos, especialmente a partir da adoção do programa RS Seguro, lançado em fevereiro de 2019 pelo governo do Estado. O programa priorizou o combate à violência em cidades com indicadores elevados – a maior parte na Grande Porto Alegre – e traçou estratégias para a redução desses números.
— A queda vem ocorrendo sistematicamente, e é reflexo do trabalho das polícias, da segurança pública como um todo, no sentido de fazer com que as pessoas se sintam mais seguras e estejam efetivamente mais seguras. A tendência anual vem sendo sempre de queda. Maio foi um mês atípico, que iniciou com a polícia muito envolvida nos salvamentos, no resgate de pessoas e animais, nos centros de distribuição e abrigos. Realizamos rondas para evitar furtos e outros crimes e atuamos de forma inédita, com o policiamento embarcado. Agora estamos voltando a uma certa normalidade, com as operações — afirma.
Na visão do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, o cenário vivido em maio, com as inundações que atingiram a maior parte dos municípios gaúchos, também impactou diretamente nos indicadores.
Realizamos rondas para evitar furtos e outros crimes e atuamos de forma inédita, com o policiamento embarcado. Agora estamos voltando a uma certa normalidade, com as operações.
SUBCHEFE DA POLÍCIA CIVIL
delegado Heraldo Chaves Guerreiro
— Nesse mês, foi muito sui generis. Tem uma queda expressiva de homicídios e roubos, até por conta do cenário que a gente ainda vivencia. A gente teve que se reinventar nesse período, inclusive com uso de policiamento embarcado. As pessoas também pouco saíram de casa, e aquelas que ficaram desalojadas ficaram concentradas em locais, como os abrigos, onde mantivemos o controle por meio da presença policial. Acho que isso contribuiu. É difícil reproduzirmos uma queda tão acentuada, quanto a que existiu em em maio em relação aos homicídios, especialmente — afirma.
Com o retorno dos desabrigados e desalojados para suas casas, o foco no momento, segundo o comandante, é manter a segurança nessas áreas que foram tomadas pelas águas. Para aumentar o efetivo na rua, uma das estratégias usadas pelas polícias foi colocar também no policiamento os servidores que normalmente atuam em áreas administrativas.
As forças de segurança do RS receberam também reforços de outros Estados. Na Brigada Militar, policiais militares de oito Estados e do Distrito Federal auxiliam no trabalho. Estão no RS, policiais de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Também passou pelo RS o apoio de PMs do Mato Grosso e de Goiás, chegando a um total de 609 pessoas.
Assaltos com morte
Em contrapartida aos homicídios e feminicídios, os assaltos que terminaram em morte aumentaram no RS. Em maio, foram registrados quatro casos de latrocínio no Estado, enquanto no mesmo período do ano passado tinha sido um. Os casos foram registrados nos municípios de Farroupilha, na Serra, Montenegro, no Vale do Caí, em Torres, no Litoral Norte, em Porto Alegre.
Um dos casos registrados é de uma idosa de 72 anos, morta a marteladas em Montenegro. Maria de Lourdes Leal foi encontrada sem vida na tarde de 29 de maio, caída na cozinha de casa, no bairro Cinco de Maio. O crime foi descoberto depois que uma vizinha estranhou a ausência da idosa. Um martelo, com manchas de sangue, foi encontrado no local pela Brigada Militar. Um suspeito de 20 anos foi preso no mesmo dia.
— Tivemos redução dos roubos, que é o crime que resulta no latrocínio. Mas em alguns casos isso foge da nossa prevenção. Tivemos um indicador menor, e, ainda assim, os latrocínios aumentaram. Todos os casos estão sendo investigados. Claro que o ideal seria um indicador zero. Mas, embora o percentual seja alto, em números absolutos passamos de um para quatro — afirma o delegado Guerreiro.
Roubos em queda
Ainda que os latrocínios tenham aumentado no Estado, os roubos tiveram queda no mesmo período. No caso dos roubos de veículos, a redução foi de 55% - 139 registros agora contra 314 no mesmo período do ano passado. Os assaltos a pedestres também apresentaram diminuição de 74% - foram 687 registros em maio deste ano, enquanto no mesmo período do ano passado tinham sido 2.659. Os furtos também caíram de 10.712 para 5.097 ocorrências. Nos estabelecimentos comerciais, a redução dos assaltos é de 31,4% - de 471 para 323 casos.