O quinto suspeito de envolvimento na morte da enfermeira Priscila Ferreira Leonardi, 40 anos, em Alegrete, na Fronteira Oeste, foi preso na última terça-feira (25), após oitiva de testemunhas de acusação do caso. O homem é apontado como autor do crime e teria tentado estuprar a vítima. Priscila desapareceu em 19 de junho de 2023, depois de vir da Irlanda para o Brasil. O corpo foi encontrado às margens do Rio Ibirapuitã no dia 6 de julho.
Quatro réus já respondem por extorsão qualificada majorada, além de ocultação de cadáver. Entre os acusados, está o primo da vítima, Emerson Leonardi, apontado como idealizador da ação. Os réus foram denunciados no final de novembro, após negociação da primeira delação premiada da história do município. Durante a audiência da última terça-feira, foram mantidas as prisões preventivas desses quatro homens.
Uma audiência destinada ao depoimento de 20 testemunhas de defesa dos acusados foi marcada para 11 de julho. O processo é presidido pelo juiz Rafael Echevarria Borba, titular da Vara Criminal da Comarca de Alegrete.
O Ministério Público (MP) pediu a prisão preventiva do homem apontado como autor da morte e da tentativa de crime sexual contra a enfermeira, e o pedido foi concedido pelo magistrado. A audiência de custódia foi realizada na quarta-feira (26).
O juiz também deu vista ao MP para que o órgão possa, eventualmente, oferecer denúncia contra o homem, com base nos novos elementos probatórios.
Relembre o caso
Priscila morava desde 2019 em Dublin, na Irlanda, onde trabalhava como enfermeira em um lar de idosos. Ela regressou em 2023 a Alegrete, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, para resolver pendências do inventário do seu pai, Ildo, falecido em maio de 2020. Também estava em busca de documentos de ancestrais com a intenção de encaminhar a cidadania italiana.
A enfermeira desapareceu na noite de 19 de junho, após sair da residência que fazia parte da herança dela, mas era habitada pelo primo. Priscila tinha ido ao local para buscar pertences de valor sentimental. Ela embarcou, sozinha, em um veículo que supostamente havia sido chamado pelo primo para uma corrida particular, mas que era tripulado por um envolvido na trama.
O corpo foi encontrado em 6 de julho, em estado avançado de decomposição, preso a galhos à margem do Rio Ibirapuitã, em Alegrete. Havia sinais de espancamento e uma corda enrolada no pescoço da vítima. O exame de necropsia apontou asfixia como causa da morte. Ainda foi identificado traumatismo encefálico.
Venda de casa e cheques sacados
Priscila e o primo Emerson tinham disputas patrimoniais. No seu retorno ao Rio Grande do Sul, a enfermeira teria tomado conhecimento de que foram sacados R$ 167,7 mil da conta do seu pai em cheques, em 2020, nas últimas semanas antes da sua morte. As beneficiárias dos valores, em parcelas, foram a esposa do primo e uma outra prima, que hospedava Priscila em sua casa em Alegrete.
A enfermeira havia encaminhado a venda da casa que era do pai dela ao primo Emerson, mas ele não havia cumprido acordos de pagamento em duas ocasiões. Por isso, ela ingressou com processo judicial de cobrança de mais de R$ 200 mil contra Emerson no início de 2023. Esse era outro ponto de tensão na relação entre eles. O primo chegou a atuar como cuidador do pai de Priscila antes da morte dele.