A Justiça condenou a nove anos de prisão Alberto Otavio Deluchi, 71 anos, homem que se diz médium, pelo estupro de uma mulher, enquanto ela estava hospitalizada em Porto Alegre. O abuso, segundo a vítima, aconteceu no ano de 2017, durante o recebimento de um suposto “passe”, no período em que ela realizava tratamento contra câncer no estômago. Em agosto do ano passado, o caso foi mostrado em reportagem do Grupo de Investigação da RBS (GDI). A defesa de Deluchi pretende recorrer.
A decisão, publicada na última semana pelo Judiciário, condenou Deluchi pelo crime de estupro de vulnerável. Isso porque houve o entendimento de que a vítima não podia resistir ao ato em razão de sua debilidade física. Conforme o relato da mulher, o homem foi até o hospital onde ela estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Durante essa visita, segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público, o acusado se aproveitou para abusar da vítima.
No mesmo processo, Deluchi respondia por mais dois fatos – um deles contra a mesma vítima, que teria acontecido anteriormente, e outro em relação a uma segunda mulher, que teria ocorrido em Cidreira, no Litoral Norte. Neste último caso, a esposa do acusado também respondia por ter se omitido. Segundo a sentença, houve decisão, no entanto, reconhecendo que esses três fatos já estavam prescritos e absolvendo os dois réus em relação a esses casos.
Assim, o processo seguiu somente em relação ao fato relatado pela primeira vítima. Durante o processo, a mulher foi ouvida, assim como 11 testemunhas. A vítima confirmou ter sido abusada, enquanto Deluchi negou que tenha cometido o crime.
Na sentença, o juiz Sidinei Brzuska estabeleceu inicialmente pena de 10 anos de reclusão. No entanto, como se trata de réu com mais de 70 anos, houve redução de um ano, com pena de nove anos. Conforme a decisão, Deluchi poderá responder em liberdade, já que assim respondeu ao processo e porque não estão presentes os requisitos para decretar a prisão preventiva.
Relato de vítima
Em entrevista ao GDI, em agosto do ano passado, a mulher relatou como teriam acontecido os abusos. Segundo a vítima, Deluchi foi até o hospital, pois, segundo ele, “havia sentido um chamado” para visitá-la.
— Estava com a minha mãe e ele pediu para que ela fechasse os olhos. Estava com meu abdômen aberto. Ele colocava a mão abaixo do corte e dizia que eu precisava avisar os médicos que meu problema não estava ali (no estômago) e sim aqui. Eu estava de fralda e ele colocou a mão por dentro — narrou a mulher.
Na época, a vítima não chegou a procurar a polícia para registrar o caso, mas o marido dela teria comentado com conhecidos de Deluchi o que havia acontecido. No fim de 2022, três mulheres que afirmavam ter sofrido abusos na década de 1990 procuraram a vítima, pedindo que ela fizesse a denúncia. Não houve indiciamento por parte da Polícia Civil em relação a esses fatos da década de 1990 porque já estavam prescritos.
Contraponto
O que dize Alberto Otávio Deluchi
GZH entrou em contato com o advogado Marcus Vinicius Boschi, que informou que ingressará com recurso em relação à condenação de Alberto Otávio Deluchi. Sobre o caso, segundo o criminalista, a defesa não se manifestará “em vista do sigilo que foi judicialmente decretado”.
Quando foi ouvido pela Justiça, Deluchi alegou que foi ao hospital realizar uma sessão de reiki, como havia sido acertado com a mulher. Alegou que pediu somente para que a mãe dela permanecesse com as mãos acima do corpo da filha, e que se concentrasse. Disse ter realizado as orações e negou ter tocado a mulher em qualquer momento.