Antes de ser baleado, o vigilante João Felipe Alves da Silva, 43 anos, conseguiu render os dois criminosos que praticavam um assalto, na zona sul de Porto Alegre, e fotografá-los. A imagem, que mostra a placa de um veículo Gol branco usado pela dupla na ação, chegou até a polícia e ajudou as equipes a localizar a dupla, que foi presa cerca de uma hora após a ação.
Depois disso, no entanto, o segurança acabou baleado e não resistiu, morrendo em uma rua da Vila Conceição. O caso aconteceu por volta do meio-dia de segunda-feira (11).
De acordo com a polícia, Silva teria percebido um assalto por volta do meio-dia de segunda, na Rua Professor Ildelfonso Gomes, na Vila Conceição, onde ele atuava como vigilante pela empresa STV.
Ali, dois homens assaltavam um entregador, e transferiam a mercadoria do furgão de uma empresa para o Gol que usavam. Ao perceber a ação, o vigilante deu ordem para que os três deitassem no chão. O entregador, de roupa vermelha e na ponta direita da foto, também deitou no chão porque, naquele momento, Silva não sabia quem era a vítima do roubo. Ele conseguiu render a dupla de assaltantes porque fez menção de estar armado.
Foi neste momento que ele sacou o celular e fez a foto. Silva tentava acionar a STV e a Brigada Militar. Logo depois, contudo, acabou baleado com três disparos.
— Ele enviou a foto ao seu supervisor e solicitou apoio. Provavelmente o supervisor passou a foto para a Brigada Militar depois. A foto nos deu a placa do veículo e identificação dos autores — explica a delegada Vivian do Nascimento, que responde interinamente pela 6ª Delegacia de Polícia.
Na imagem, além de ser possível ver o rosto de um dos criminosos, também aparece a placa do carro usado por eles na ação. As informações do veículo foram inseridas no cercamento eletrônico, em que câmeras espalhadas pela cidade fazem uma “varredura” em busca de veículos que estejam irregulares, por meio de um banco de dados.
O sistema localizou o veículo dos criminosos pouco tempo depois na Avenida Bento Gonçalves, já perto de Viamão, emitindo um alerta. Equipes da Capital avisaram as do município. A dupla que fugia no veículo passou a ser monitorada e foi capturada cerca de uma hora depois de cometer o crime. Eles foram localizados na casa de um familiar, no bairro São Lucas, em Viamão.
Homens seguem presos
Os homens, de 21 e 27 anos, não tiveram os nomes divulgados e possuem antecedentes criminais por tráfico de drogas e roubo de veículos. Os dois passaram por audiência de custódia na tarde desta terça-feira, e tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva, segundo a Polícia Civil.
Segundo a polícia, o veículo usado por eles não era roubado, mas também não está registrado no nome dos criminosos.
O caso é investigado como latrocínio, apesar de Silva não ser a vítima do roubo que ocorria. Ele foi morto para "assegurar a subtração" dos itens, configurando o crime, explica a delegada Vivian.
— A intenção era o roubo, nem que tivessem que matar alguém para isso.
O entregador não ficou ferido. Após Silva ser baleado, um jardineiro do bairro, que trabalhava ali perto, acionou socorro. Ele foi atingido com três disparos, nas pernas, costas e cabeça.
Dupla estava com arma e produtos roubados
Conforme a Polícia Civil, as equipes encontraram, com os criminosos presos, objetos que indicam a participação no fato. Eles estariam com itens roubados do entregador, que dirigia um furgão de uma empresa de logística que entrega compras feitas online.
— Ele estava entregando na Zona Sul ontem (segunda) desde as 8h30min. Às 11h30min, fez as últimas entregas ali próximo ao local onde foi o latrocínio, na Vila Conceição.
Do entregador, foram levados objetos como fraldas, lenços umedecidos, almofadas, eletrodomésticos, livros, material de higiene e suplementos alimentares. Tudo foi localizado no momento da prisão dos indivíduos, em uma casa em Viamão.
Também foi localizada e apreendida uma arma, um revólver calibre 38, que teria sido usada para balear Silva.
Conforme a delegada, no momento da prisão, os criminosos teriam confessado autoria do crime a policiais militares. Durante o depoimento para a Polícia Civil, no entanto, optaram por permanecer em silêncio.
Vivian afirma que a região não registrava assaltos há tempos:
— É um bairro bem tranquilo, não há nada semelhante recentemente. Nem nesse ano e nem no ano passado, pelo menos, foram registrados episódios do tipo.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil.