Em coletiva de imprensa neste domingo (18) em Adis Abeba, capital da Etiópia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordou a fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró. De acordo com o chefe do Executivo, "aparentemente houve conivência de alguém do sistema" nesse incidente. As informações são do portal g1.
— Eu não quero acusar, mas, aparentemente houve conivência de alguém do sistema. Como eu não posso acusar ninguém, eu sou obrigado a acreditar que a investigação da Polícia Federal nos indique, amanhã ou depois de amanhã, o que aconteceu no presídio de Mossoró — afirmou Lula.
O presidente enfatizou que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, já ordenou a investigação para determinar se houve envolvimento de algum funcionário da instituição penitenciária. Ele expressou sua esperança de que os fugitivos sejam recapturados.
— Obviamente queremos saber como esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar uma escavadeira — declarou.
Lula também sugeriu que pode ter ocorrido uma falta de vigilância ou relaxamento que facilitou a fuga dos detentos.
Após a entrevista coletiva, o presidente partiu da Etiópia em direção ao Brasil. Sua chegada em Brasília está programada para as 23h deste domingo.
Lewandowski viaja a Mossoró
Neste domingo de manhã, Ricardo Lewandowski partiu para Mossoró, onde irá acompanhar de perto as investigações sobre a fuga dos dois detentos.
Lewandowski viajou na companhia do diretor-geral em exercício da Polícia Federal, Gustavo Souza. A comitiva chegou ao município por volta das 9h20min, sendo recebida pela governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).
Conforme informações do Ministério da Justiça, o grupo, incluindo o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, planeja se encontrar com os responsáveis pelas equipes de busca dos fugitivos no Estado.
A presença do ministro da Justiça marca o quinto dia de busca pelos criminosos Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, associados à facção Comando Vermelho. A dupla escapou da Penitenciária Federal de Mossoró na quarta-feira passada.
Os homens estavam sob custódia na unidade de Mossoró desde setembro de 2023. Rogério da Silva Mendonça, 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33, também conhecido como "Tatu" ou "Deisinho", foram encaminhados para a penitenciária após seu envolvimento em uma rebelião na prisão de segurança máxima em Rio Branco (AC).
De acordo com as investigações, na sexta-feira (16), eles chegaram a fazer uma família refém na região rural de Mossoró. Os fugitivos saíram da residência levando alimentos e dois aparelhos celulares.
Segundo o Ministério da Justiça, aproximadamente 300 agentes estão envolvidos na operação, que conta com o auxílio de três helicópteros e drones. Esses profissionais são advindos da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e diversas forças de segurança estaduais.
Desde a última sexta-feira (16), os nomes dos criminosos foram incluídos na lista vermelha da Interpol. Essa lista é utilizada para facilitar a cooperação entre as polícias de diferentes países quando criminosos perigosos conseguem fugir das nações onde são procurados.
Na quinta-feira (15), durante coletiva de imprensa, Lewandowski declarou que a recaptura dos criminosos era uma prioridade do ministério. Além disso, ele anunciou a implementação de novas medidas de segurança na rede de penitenciárias federais, composta por cinco unidades.
Conforme o ministro, o Sistema Penitenciário Federal (SPF) deve receber uma série de melhorias, incluindo a ampliação do sistema de alarmes, o aumento do número de agentes de segurança, o aprimoramento do sistema de controle de acesso às prisões, com a introdução de reconhecimento facial, e a construção de muralhas adicionais.
Há atualmente duas investigações em andamento sobre a fuga, afirmou o Ministério da Justiça. Uma delas, conduzida pela pasta de forma administrativa, visa identificar eventuais responsáveis pelo ocorrido. A segunda investigação, realizada pela Polícia Federal, está focada em apurar possíveis crimes cometidos por agentes envolvidos na fuga dos criminosos.