Duas semanas após assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o ministro Ricardo Lewandowski tenta evitar a primeira crise da gestão com medidas duras para lidar com a fuga de dois criminosos da penitenciária federal de Mossoró (RN). À primeira vista, poderia ser apenas mais uma falha no caótico sistema prisional do país. Mas trata-se de algo inédito na estrutura federal, criada em 2006 para ser um exemplo de segurança, e até hoje sem registros de fuga.
Com extensas fichas criminais que somam 155 anos em condenações, Rogério da Silva Mendonça, 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33, conseguiram romper o sistema de segurança máxima na madrugada de quarta-feira (14). Horas depois, Lewandowski afastou a direção da penitenciária e nomeou um interventor. O ministro também enviou membros de sua equipe para criação de um gabinete de crise, além de determinar abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF). Medidas restritivas, como proibição de visitas e banho de sol, foram estendidas às outras quatro penitenciárias federais do país.
Até agora, o gabinete de crise é comandado pelo secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia. Ele já determinou um "pente-fino" na estrutura do presídio, avaliação de todos os funcionários que trabalham no local e de pontos de falha, além de incrementar o efetivo de segurança do presídio. A ida do ministro a Mossoró não está descartada.
Além de frear novas investidas de fuga, Lewandowski busca retomar a credibilidade do sistema penitenciário federal e, com respostas rápidas, afastar uma crise de segurança na arrancada de sua gestão. Com larga experiência como jurista, o ministro admitiu em suas primeiras entrevistas que a área de segurança é o seu maior desafio.