Principal foragido do Rio Grande do Sul, preso na noite de quarta-feira (21) em Santa Catarina, Maicon Donizete Pires dos Santos, 32 anos, conhecido como Red Nose, está envolvido no crime que causou a morte da estudante Sarah Silva Domingues, 28 anos, e do comerciante Valdir dos Santos Pereira, 53 anos, na Ilha das Flores, mortos no dia 23 de janeiro deste ano.
Ambos não eram vinculados ao crime organizado e, segundo a Polícia Civil, eram inocentes. A investigação apontou que Valdir foi alvo por tentar impedir a ação de traficantes na região.
Conforme o Departamento de Homicídios, Red Nose cedeu seu grupo armado para o mandante do ataque.
— O mandante busca apoio do Red Nose, no grupo armado, para que vá na região das ilhas e execute os homicídios. Assim ele traz matadores de fora que são mais difíceis de serem reconhecidos naquela região e fica mais difícil a formação da prova — disse o delegado Rafael Pereira.
A investigação afirma que o vínculo do criminoso no crime está comprovado, já que é estratégia do Departamento de Homicídios responsabilizar não somente os executores e mandantes, como também quem se beneficiaria com o crime.
— Essa aliança que ele (mandante do crime) faz com o Red Nose é para que ele possa montar pontos de venda de drogas na região, em troca de mandar os executores — reforçou Pereira.
O caso
Na noite do dia 23 de janeiro, um ataque ordenado pelo crime organizado, matou estudante de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Sarah Silva Domingues, 28 anos. Ela entrevistava Valdir Pereira, 53 anos, para um trabalho de faculdade na Rua do Pescador, na Ilha das Flores, bairro Arquipélago, quando foi atingida por tiros disparados por homens que passaram em uma moto pelo local, e não resistiu.
Conforme a investigação, Valdir Pereira era o alvo dos assassinos.
— Ele foi uma vítima, assim como a Sarah. A única diferença é que ele era alvo. O comerciante tinha uma desavença com esse grupo criminoso, e o motivo ainda é investigado, mas não tinha nenhum envolvimento com o tráfico de drogas ou o crime organizado — pontuou o delegado Thiago Lacerda, diretor da Divisão de Homicídios da polícia na Capital. Valdir dos Santos Pereira foi assassinado a mando da facção.
—Ele não admitia a entrada da criminalidade na sua rua e possuía problemas e questões pessoais. A ideia do grupo era vitimar esse cidadão idoso — confirmou o delegado Rafael Pereira.
Homenagens e despedida
Sarah foi velada dois dias depois em meio a centenas de amigos e colegas, no prédio da Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Os presentes formaram um corredor de passagem e entoaram cantos. A cerimônia ocorreu dentro do auditório e contou com discursos de colegas e amigos. Durante o ato, foram reproduzidos vídeos de Sarah durante sua atuação dentro da faculdade. Um canudo foi simbolicamente levado para o caixão, já que ela estava prestes a se formar.
A estudante nasceu em Cotia, na região metropolitana de São Paulo, e morava na capital gaúcha há oito anos, segundo pessoas próximas. A mãe e a irmã vieram ao Rio Grande do Sul da cidade de Campo Limpo Paulista, onde moravam e onde Sarah cresceu, para a cerimônia. Após o velório, o corpo será transladado para sua cidade natal.