Condenado a 31 anos e oito meses de prisão pela morte do filho, Bernardo Uglione Boldrini, e atualmente cumprindo a pena no semiaberto, Leandro Boldrini deixou o Instituto Penal de Santa Maria na manhã desta quinta-feira (4) para participar de uma seleção para residência médica em coloproctologia no Hospital Universitário da cidade da Região Central. Essa é a etapa final do processo seletivo e consiste em uma entrevista de avaliação sobre o currículo profissional.
Boldrini recebeu autorização para deixar o instituto duas horas antes do início da prova, marcada para às 13h30min, e deve retornar duas horas após o encerramento do compromisso. Também é necessário comprovar a participação no processo. O resultado deve ser conhecido no dia 11 de janeiro.
A primeira etapa do processo foi uma prova teórico-objetiva, em 19 de novembro, quando 13 candidatos se habilitaram para seguir na seletiva da única vaga disponível para residência na especialidade, com prazo de duração de dois anos. O exame é organizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) e seleciona um candidato.
Apesar da condenação, não há ilegalidade na participação de Boldrini no concurso. Em novembro, ele foi absolvido no processo disciplinar do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), que avalia questões éticas e técnicas.
O Hospital Universitário de Santa Maria também informou que só deve se manifestar em caso de uma eventual aprovação, e que não há nenhum impedimento para ele participar da seleção.
Um dos advogados dele, Rodrigo Grecelle Vares, afirmou que a participação no processo é de caráter íntimo, sem qualquer interferência da defesa.
Condenação
O menino Bernardo foi morto em abril de 2014, aos 11 anos, após receber uma superdosagem de sedativo. Além de Leandro Boldrini, foram condenados pelo crime a madrasta do menino, uma amiga dela e o irmão da amiga. Todos foram sentenciados por homicídio em 2019. No entanto, a sentença de Leandro, considerado mentor do assassinato pelo Ministério Público, foi anulada pelo Tribunal de Justiça em 2021.
Em março de 2023, Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
Preso desde 2014, ele atingiu o requisito de tempo previsto para passar do regime fechado para o semiaberto. Ele cumpriu dois quintos da pena, por isso, alcançou o direito à progressão, já que trabalhou desde o início. Boldrini atuava na cozinha da prisão onde estava.
Em julho, ele foi beneficiado pelo uso de tornozeleira eletrônica em razão da falta de vagas no sistema prisional. Conforme a juíza responsável pela decisão, a medida acompanhou o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em setembro, ele passou a cumprir a pena em Santa Maria, ainda com a tornozeleira. O processo foi redistribuído da 1ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre para a Vara de Execução Criminal Regional de Santa Maria. Com a mudança de endereço, o novo órgão ficou responsável por dar sequência ao cumprimento das condições até então fixadas.