Nos últimos cinco anos, o número de roubos a pedestres despencou quase pela metade em Porto Alegre. De janeiro a novembro de 2023, foram comunicadas 12.091 ocorrências à polícia. A média ainda é de 36 registros de assaltos a pedestres por dia, mas já foi bem maior. No mesmo período de 2019, tinham sido 22.573 crimes desse tipo na Capital. Ou seja, foi alcançada uma diminuição de 46% nesse período. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública do Estado.
Quando se observa os números ano a ano é possível perceber que a redução aconteceu de forma gradual. Em 2019, a média era de 67 registros por dia, em 2020, quando houve queda de quase 5 mil registros, caiu para 47. Naquele ano, havia menor circulação de pedestres nas vias da Capital, em razão das restrições geradas pela pandemia do coronavírus. No entanto, a diminuição se manteve nos anos seguintes, com uma média de 42 casos por dia em 2021, e 39 em 2022, até chegar ao período atual.
À frente do Comando de Policiamento da Capital, o coronel Luciano Moritz Bueno acredita que uma série de medidas contribuiu para que os casos reduzissem. Entre as estratégias usadas está o mapeamento dos pontos de maior incidência de roubos a pedestres. Dessa forma, foi possível buscar informações sobre quem eram os criminosos que agiam naquele local e intensificar a presença dos policiais. Outra iniciativa empregada foi a aproximação com as delegacias da Polícia Civil, por meio do trabalho integrado, com reuniões para avaliar os resultados.
— Estes fatores promoveram um duro golpe na criminalidade em Porto Alegre. Também trabalhamos nos possíveis receptadores dos objetos roubados, o que motivou a quebra na cadeia da atividade criminosa. Com escassez de receptadores, diminuiu a demanda pelos produtos do roubo — afirma o comandante.
O coronel destaca ainda a intensificação do uso de câmeras de monitoramento, que auxiliam na prevenção dos crimes e também na identificação de suspeitos.
Os bairros
— Percebemos queda do roubo à pedestre em todos os bairros de Porto Alegre, inclusive no Centro Histórico. É importante ressaltar que houve uma queda bem importante desse delito nos bairros que compreendem as zonas norte e leste da Capital — afirma o oficial.
Ainda que tenha reduzido a incidência, o Centro Histórico segue sendo o bairro com maior número de registros de roubos a pedestres. No período analisado, foram 1.815 assaltos desse tipo registrados na região central, ou seja, concentra 15% de todas as ocorrências. O fluxo intenso de pedestres no Centro, especialmente nos dias úteis é apontado como um dos fatores que faz com que o bairro siga liderando essa lista.
— São pessoas que trabalham no Centro ou usam o local como hub para vir ou ir as suas residências, por meio do transporte público. No Centro também se encontra a rodoviária de Porto Alegre. Estes são fatores preponderantes para o grande fluxo de pessoas no bairro. Tendo mais pessoas, a delinquência tenta se aproveitar daqueles que não mantêm certa cautela ao transitar na região — afirma o comandante.
Nesta região, algumas medidas adotadas ajudaram a reduzir a incidência de ataques a pedestres pelos criminosos. Entre elas estão a instalação de pontos de visibilidade da BM, a presença do policiamento a pé e em duplas, o patrulhamento com PMs em motocicletas, a presença de viaturas em pontos estratégicos, para agir em casos de ocorrências, e a chamada Operação Mobile, criada para identificar e reprimir pontos de receptação de produtos roubado, especialmente os celulares. Essa ofensiva é realizada de forma integrada, com os bombeiros e órgãos de fiscalização da Capital.
Investigações
O celular ainda é o principal item alvo dos criminosos. Na área do 9º Batalhão de Polícia Militar, que atende o Centro, correspondem a cerca de 70% das ocorrências. Nestes casos, muitas vezes os aparelhos são recuperados com quem adquiriu os produtos, após serem rastreados. Dos casos registrados neste ano, 1.785 foram comunicados como roubos de telefone celular (a maior parte não há especificação do tipo de item roubado).
A Polícia Civil informou que as apurações miram células, individuais ou pequenas empresas de fachada, receptadoras de material roubado.
O trabalho, segundo a Polícia Civil, é realizado em conjunto com a Brigada Militar no âmbito do programa RS Seguro e atua sobre ocorrências registradas, pelas quais são identificados autores e estabelecida a conexão com receptadores.
Ranking de bairros
- Centro Histórico – 1.815
- Rubem Berta – 519
- Floresta – 449
- Partenon – 437
- Cidade Baixa – 398
- Sarandi – 382
- Restinga – 280
- Farroupilha – 276
- Passo da Areia – 270
- Praia de Belas – 264
- Petrópolis – 252
- Lomba do pinheiro – 214
- Mario Quintana – 232
- Menino Deus – 205
- Independência – 197
Dicas
- Não manuseie aparelhos celulares em locais de grande concentração de pessoas. Isso faz com que a própria vítima perca atenção ao seu redor e também desperta a atenção dos bandidos
- Se precisar utilizar o celular na rua, procure ingressar em algum comércio, como uma loja
- Evite deixar expostos itens como joias ou relógios, que podem despertar o interesse dos criminosos
- Cuide para que bolsas e mochilas permaneçam fechadas e no seu campo de visão. O ideal é que elas sejam usadas na frente do corpo
- Evite permanecer sozinho em paradas de ônibus, especialmente à noite
- Quando estiver caminhando pela rua, fique atento a quem está ao seu redor. Se possível, evite trechos com pouco movimento ou baixa iluminação.
- Se for vítima de roubo, tente manter a calma, e evite reagir. Procure a Brigada Militar ou a Polícia Civil e registre o fato. É possível também fazer a comunicação por meio da Delegacia Online.
Fonte: Brigada Militar