A Polícia Civil irá solicitar ao Poder Judiciário a quebra do sigilo telefônico e telemático (armazenamento de dados em dispositivo de informática) dos investigados no caso dos falsos detetives, que filmavam clientes na saída de um motel para extorquir valores em troca de manutenção do anonimato. Os três suspeitos de participação no esquema foram presos na manhã desta segunda-feira (4), em São Leopoldo.
Conforme as investigações iniciadas em julho, o trio estacionava um automóvel nas proximidades do motel, localizado na zona norte de Porto Alegre, com vista para os portões do estabelecimento. De dentro do carro, gravavam vídeos e registravam fotografias dos veículos que entravam e saíam do local. Após obterem as imagens, os criminosos acessavam contatos telefônicos e, apresentando-se como "detetives", passavam a exigir quantias em dinheiro para não divulgar imagens.
— O principal objetivo neste momento das investigações é sabermos como os criminosos acessavam os números de telefone das vítimas, já que este tipo de informação não fica registrada no estabelecimento — aponta o titular da 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, delegado Arthur Raldi.
Segundo o delegado, os suspeitos priorizavam registrar imagens nítidas das placas dos veículos que ingressava no motel. A forma como identificavam quem estava dentro dos automóveis e como acessavam dados pessoais de pessoas é o que a polícia busca esclarecer, o que poderá indicar a participação de outras pessoas no esquema.
Raldi conta que nenhum dos investigados quis revelar que tipo de conexões tinha para ter acesso a dados pessoais. Tampouco, quiseram falar sobre como se dava a abordagem e a escolha das vítimas.
— Por esta razão, é muito importante termos a autorização da Justiça para podermos realizar a verificação de diálogos, contatos e armazenamento de dados, nos celulares apreendidos e em um pendrive que estava com um dos investigados — descreve Raldi.
Todos com antecedentes
Os suspeitos são homens residentes em São Leopoldo. De acordo com o delegado, os investigados têm 25, 37 e 38 anos de idade. Seus nomes não foram divulgados.
— Todos têm antecedentes por roubo, roubo majorado (com agravantes pela forma praticada), tráfico de drogas, ameaças e lesão corporal — informa.
Denúncias inspiraram vigilância policial
As primeiras denúncias chegaram ao conhecimento da polícia em julho. Além de usuários, trabalhadores do motel também acabaram sendo alvos da extorsão e, diante da situação, buscaram o apoio das autoridades. Segundo o delegado Arthur Raldi, ao analisar o teor das denúncias, foi organizado um trabalho de vigilância, o que propiciou a identificação dos suspeitos da ação criminosa.
Arthur Raldi afirma que a polícia avalia solicitar a ampliação do prazo das prisões temporárias até a obtenção das autorizações para análise de comunicação e dados nos dispositivos apreendidos com os presos.
— É um tipo de análise que requer tempo hábil para sua realização — argumenta.
Garantia de anonimato
O delegado diz acreditar que há mais vítimas as quais, por suas razões, não procuraram as autoridades.
— Podem trazer sua colaboração com o inquérito na 4ª DP da Capital, com a garantia do anonimato. Tudo que for informado ficará entre a polícia e o depoente — assegura o delegado.