Seis policias militares foram denunciados pelo Ministério Público do Estado (MPRS) por envolvimento na morte do lutador de MMA José Mauro de Chaves Chaulet, 34 anos, no dia 7 de maio, no bairro São Geraldo, na zona norte de Porto Alegre. A denúncia foi apresentada pela promotora Lúcia Helena Callegari no dia 23 de dezembro e divulgada nesta terça-feira (26).
A denúncia do MP aponta que Chaulet e sua companheira estavam em uma festa em um bar quando começou uma briga generalizada entre policiais à paisana e outros homens. Em determinado momento, Chaulet teria tentado desarmar um destes policiais, quando a arma disparou acidentalmente na virilha do PM.
Na sequência, o casal saiu do bar, quando foram abordados por um um policial e um segurança da festa e entregaram a arma. Após isso, outros dois policiais, que chegaram ao local e souberam que seu colega havia sido baleado, efetuaram disparos contra o casal, que já estava no veículo para ir embora.
“Em seus depoimentos, ambos os policiais faltaram com a verdade acerca do ocorrido, alegando que somente atiraram contra a vítima após a mesma ter efetuado disparos contra eles, criando uma falsa narrativa de legítima defesa”, conta a promotora Lúcia Helena de Lima Callegari.
Segundo o MP, os policiais teriam feito o “enxerto” da arma no local do crime, na tentativa de fundamentar a narrativa de legítima defesa. Câmeras de videomonitoramento do local registraram a cena. Conforme a promotora, o crime foi praticado por motivo torpe, uma vez que a vítima foi morta por vingança.
“O crime foi cometido com emprego de meio que resultou perigo comum, uma vez que os disparos de arma de fogo foram efetuados em frente a um bar, após seu horário de fechamento, havendo grande movimento de pessoas saindo do local, podendo atingir indiscriminadas outras pessoas que ali se encontravam", escreveu a promotora na denúncia.
A denúncia foi remetida ao 2º Juizado da 1ª Vara do Júri. Até a noite desta terça-feira (26), o Tribunal de Justiça ainda não havia informado se já recebeu a denúncia, mas com o recesso do Judiciário, que se iniciou no dia 20 de dezembro e segue até 20 de janeiro, é possível que a análise fique para o ano que vem.
Duas investigações
Um inquérito policial militar (IPM) foi aberto pela Brigada Militar para investigar o caso. O resultado do procedimento foi divulgado pelo comandante de policiamento da Capital, coronel Luciano Moritz, em 2 de junho.
Cinco PMs foram indiciados. Um deles — apontado como o atirador — por homicídio com dolo eventual e fraude processual. Um segundo por tentativa de homicídio, já que teria sido o responsável pelos disparos que atingiram a companheira de Mauro, além de fraude processual. Mais dois vão responder por fraude processual, sendo que um deles por prevaricação. E um quinto por falsidade ideológica.
Um outro inquérito, que apurava apenas o homicídio, foi conduzido pela Polícia Civil. A investigação, conduzida pelo delegado Eric Dutra, foi concluída e duas pessoas foram indiciadas pelo homicídio. Os nomes dos PMs envolvidos não foram divulgados.