Após um ano de investigação, a Polícia Civil realiza, na manhã desta terça-feira (19), operação contra facção criminosa com base no Vale do Sinos, mas que tem atuado em bairros da zona sul de Porto Alegre, como Ponta Grossa, Hípica e Chapéu do Sol. Conforme o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), o grupo é suspeito de expulsar moradores de condomínios e ameaçar policiais, com planejamento de atentado a militares com atuação na Zona Sul.
Os policiais buscam prender 29 suspeitos de participar do grupo. Além de buscas nas ruas, foram cumpridas ordens em seis presídios. Até as 8h50min, 22 pessoas haviam sido presas. Os mandados são cumpridos em Porto Alegre, cidades da Região Metropolitana e em seis casas prisionais do Estado. São realizados bloqueios de contas bancárias e quebras de sigilo bancário e fiscal contra os supostos líderes.
Segundo o delegado Gabriel Borges, da 3ª Divisão de Investigações do Narcotráfico, o trabalho iniciou após uma prisão em flagrante realizada no início do ano de 2022, em que o principal executor do grupo criminoso, investigado em mais de 25 homicídios, foi preso em flagrante na cidade de São Leopoldo. Na ocasião da prisão, o investigado armazenava duas pistolas, 1 fuzil, 3 granadas, centenas de munições e celulares e cadernos com toda a movimentação do tráfico de drogas.
A partir do material coletado, a polícia constatou, após análise, que esse homem se reportava diretamente ao líder do grupo criminoso, que cumpre pena em regime fechado.Essa liderança determinava todas as ações na rua, tanto no contexto do tráfico de drogas, quanto na execução de rivais e devedores de drogas.
Ameaças a moradores
Conforme a polícia, um condomínio popular na Zona Sul, em que a liderança exerce o controle do tráfico, moradores eram constrangidos para tolerarem a venda dos entorpecentes. Alguns moradores foram expulsos e os imóveis passaram a servir como depósitos para armazenamento de drogas.
De acordo com a polícia, um dos principais líderes do grupo é considerado o maior distribuidor de crack do Estado e estava envolvido na ocorrência em que houve apreensão de “cocaína rosa”. Ele já cumpria pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, mas, segundo a investigação, seguia dando ordens para os integrantes soltos.
Outro detento alvo da ação é um criminoso recapturado em 2021 em um resort na Bahia, após fugir do Estado. Em uma conversa interceptada, foi possível identificar que um executor pedia autorização do líder para “testar” o fuzil novo em alguém.
O delegado Alencar Carraro, diretor de investigações do Denarc, destaca que “ há um monitoramento constante dos diversos grupos criminosos mais atuantes no Estado. Segundo ele, a operação reforça a estratégia da polícia em desarticular estas facções.
O delegado Carlos Wendt, diretor-geral do Denarc, destaca que “a operação desencadeada hoje, é o desfecho de uma série de ações efetivas já realizadas pelo Denarc, que resultaram na apreensão de grandes quantidades de drogas, de armamento de grosso calibre e na prisão de criminosos.