Um dos dois presos na quarta-feira (4) por suspeita de envolvimento no atentado ao promotor de Justiça Jair João Franz, de Teutônia, no Vale do Taquari, é investigado em outro caso de repercussão no mesmo município. Em dezembro de 2022, Eduardo Felipe Duarte da Silva era presidente e treinador do recém-criado Levi Futebol Clube, onde houve o resgate de sete adolescentes em condições análogas à escravidão.
Na época, a investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) apontou que o clube trazia adolescentes de outros Estados, com a promessa de encaminhar suas carreiras como jogadores de futebol. No entanto, eles acabavam explorados em trabalhos semelhantes ao escravo.
A Gerência Regional do Trabalho multou o Levi FC em R$ 38 mil e levou o caso à Polícia Federal.
Investigações
Eduardo Felipe Duarte da Silva, que estava foragido, teve a prisão preventiva decretada por, conforme o Ministério Público (MP), ter dado guarida ao atirador logo após o ataque ao promotor.
As autoridades envolvidas na investigação evitam comentar se o caso envolvendo o Levi FC pode ter motivado o atentado contra Franz, apesar de confirmarem que um dos réus pelo ataque foi investigado em caso de trabalho análogo à escravidão. Também não foi confirmado se o promotor Franz atuou na parte criminal da investigação sobre o clube de futebol.
Duarte da Silva ainda não constituiu defensor no mais recente processo. O advogado Jaci Scherer Ribeiro, que defendeu o réu no outro caso, afirma que, no momento, não vai se manifestar sobre o caso.
À reportagem, em dezembro de 2022, Duarte da Silva se disse perseguido e que os atletas do Levi FC "já vinham sabendo que a prioridade seria o trabalho" e que "tentou agregar o trabalho com os treinos, porque muitos atletas não têm condições". Ele entende que "tentou ajudar e acabou ainda se prejudicando com isso".
Outros réus pelo atentado
Outro acusado é Éder de Souza Lucas, que chegou a ser investigado como possível autor dos disparos. Durante a investigação, porém, a polícia apontou que ele teria sido um dos responsáveis por executar outras tarefas para a concretização do atentado, como vigilância.
A advogada Daiana Silva Toledo e o preso José Izidoro Kovalski, que já se encontrava no sistema prisional quando o atentado aconteceu, são apontados pelo MP como os mentores do crime. O detento teria sido o responsável, segundo a denúncia, por chefiar o ataque ao promotor de dentro da prisão.
Conforme a acusação, o preso e a advogada teriam decidido assassinar Franz em razão da atuação profissional dele. Daiana atuava na defesa de Kovalski. A defesa da advogada admite a inimizade, mas nega que ela tenha sido a mandante do crime.
Também é réu Eliandro Maria Vedoy da Silva, último a ser preso e apontado como o executor do crime. Ele foi detido em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, na noite de 28 de agosto, na semana seguinte às primeiras prisões. Em depoimento, ele permaneceu em silêncio.
O sexto réu é um homem, morador de Estrela, apontado por fornecer uma motocicleta e um celular ao autor do crime.