Um esquema que vendia produtos de cargas roubadas para uma rede de mercados de médio porte de Porto Alegre é alvo de operação da Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (25). A estimativa é de que o grupo conseguiu lucrar pelo menos R$ 3 milhões com estelionatos e R$ 1,5 milhão com venda de produtos roubados.
Segundo a Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro, a investigação iniciou com casos de 2017 e 2018, portanto, os valores podem ser ainda maiores. Nesse período, um outro empresário adquiriu a rede. Por esse motivo, o nome da rede de supermercados — alvo da ofensiva — não é informado, pois ainda não há confirmação do envolvimento deste outro empresário.
Além dos alvos principais, são cumpridos mandados contra investigados por serem laranjas no esquema. Ao todo, são 21 investigados, seis deles, conforme a polícia, empresários. Na ação, a polícia recebeu autorização judicial para apreender 16 veículos e sequestrar nove imóveis.
O delegado Cassiano Cabral, do Departamento de Investigações Criminais, explica que o grupo agia de duas formas. A principal era por meio de estelionato, com o que é chamado de "Golpe da Arara". Os principais alvos da ação policial são suspeitos de gerenciar ou se beneficiar da prática dos crimes de estelionato ou receptação de cargas.
O crime consiste em criar empresas em nomes de laranjas para realizarem compras de fornecedores. Num primeiro momento, é feito o pagamento até se criar um vínculo de confiança. Depois, os criminosos realizam uma encomenda maior com pagamento a prazo, mas deixam de quitar as obrigações. A investigação encontrou 820 casos que são protestados pelos credores.
— A pessoa compra uma carga roubada, um produto e bota a vender um preço que os outros não conseguem competir, entra limpo. Fora a sonegação fiscal, margem de lucro exorbitante e o mercado de roubo de carga por trás disso — explicou Cabral.
De acordo com a investigação, foram cometidos crimes de lavagem de dinheiro, roubo, furto e receptação de cargas roubadas, além de estelionatos praticados pelos mesmos indivíduos contra fornecedores de produtos que costumam ser comercializados em mercados.
As ordens judiciais estão sendo cumpridas em Porto Alegre, Canoas, Viamão, Capão da Canoa e Itapema (Santa Catarina).
Números da Operação:
22 mandados de busca e apreensão
16 apreensão de veículos
9 sequestro de imóveis
21 quebra de sigilos bancários