
Elon Musk classificou nesta terça-feira (3) de "abominação repugnante" o megaprojeto de lei orçamentária que o presidente americano Donald Trump está promovendo no Congresso dos Estados Unidos.
O episódio evidencia a tensão entre o bilionário e o presidente americano dias depois de Musk deixar de ser um de seus assessores.
O projeto de lei inclui a prorrogação dos monumentais créditos fiscais do primeiro mandato de Trump (2017-2021), que expiram no final do ano.
Seus detratores asseguram que os cortes privarão milhões de americanos de baixa renda de cobertura de saúde, mas os falcões fiscais consideram isso uma bomba-relógio para a dívida dos Estados Unidos.
Segundo vários analistas independentes, a prorrogação fiscal poderia aumentar o déficit do governo federal entre US$ 2 e 4 trilhões (entre R$ 11,3 e 22,6 trilhões, na cotação atual) durante a próxima década.
No dia 22 de maio, os republicanos conseguiram que a Câmara dos Representantes aprovasse o megaprojeto por apenas um voto. Agora, o texto será debatido no Senado, que pode realizar modificações.
"Sinto muito, mas já não aguento mais", publicou o bilionário em sua rede social X, dias depois de deixar de ser um dos conselheiros mais próximos do presidente republicano.
"Este projeto de lei de gastos do Congresso, enorme, escandaloso e eleitoreiro, é uma abominação repugnante. Os que votaram a favor deveriam sentir vergonha: sabem que fizeram errado. Eles sabem", acrescentou.
Musk foi o rosto visível do Doge, uma comissão de eficiência governamental que empreendeu cortes maciços de ajuda internacional, fechou agências federais e demitiu milhares de funcionários. A Casa Branca saiu em defesa do projeto orçamentário.
— O presidente já conhece a posição de Elon Musk sobre este projeto de lei; isso não muda sua opinião. É um projeto de lei grande e bonito, e ele mantém firme nisso — declarou a porta-voz Karoline Leavitt a jornalistas.
Lei orçamentária de Trump
A "lei grande e bonita", como o presidente Donald Trump chama seu megaprojeto orçamentário que inclui um enorme alívio fiscal e impostos às remessas, será objeto de árduos debates no Senado devido ao temor de que aumente a dívida dos Estados Unidos.
O projeto de lei reduz drasticamente o orçamento para financiar uma extensão de seus cortes de impostos de 2017.
A proposta inclui um imposto às remessas de 3,5%. Seria aplicado a 40 milhões de pessoas, entre titulares de vistos de residência, trabalhadores temporários e imigrantes em situação irregular, calcula o Centro para o Desenvolvimento Global.
Isso pode reduzir as remessas enviadas através dos bancos e operadores de transferências como Western Union, porque "os imigrantes enviariam menos" e "alguns podem deixar de enviar dinheiro por completo ou recorrer a métodos informais e menos seguros", explica esse fórum de reflexão em um relatório.
Saída de Musk do governo
Em entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca no dia 30 de maio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agradeceu e elogiou o trabalho de Elon Musk no governo e disse que os resultados do trabalho serão vistos no "futuro".
No dia 28, o dono da Tesla e da SpaceX anunciou sua saída através de um post na rede social X. O bilionário agradeceu o presidente "pela oportunidade de reduzir gastos desnecessários" ao deixar o Departamento de Eficiência Governamental – mais conhecido pela sigla em inglês Doge.
Elon Musk recebeu uma chave de ouro do presidente dos EUA, no Salão Oval da Casa Branca. Após, afirmou que pretende manter contato com Trump.
— Espero continuar sendo amigo e conselheiro do presidente — declarou Musk.