Apontado como um dos principais líderes de uma facção responsável por uma série de crimes na zona leste da Capital é alvo de operação policial deflagrada nesta segunda-feira (23) pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc). O suspeito de 41 anos está atualmente recolhido em uma penitenciária federal, onde recebeu nova ordem de prisão. Além dele, um suspeito de 32 anos, que antes atuava como assistente do líder do grupo criminoso, e após um desentendimento, tornou-se rival, também é alvo da ofensiva policial.
Além dos 16 mandados de prisão preventiva, estão sendo executadas 38 ordens de busca e apreensão e 46 de bloqueio de contas bancárias. A preparação da ação envolveu apurações baseadas em registros vazados de comunicação estabelecida entre este investigado e seu "uomo di fiducia", terminologia utilizada pela máfia para definir o primeiro no escalão de confiança do líder do grupo. Até as 7h25min, 13 pessoas haviam sido presas.
— Foi uma espécie de traição. O homem que era o assistente de confiança do líder desta facção resolveu que iria tomar o poder. Por isso escolhemos o nome Golpe de Estado. O anúncio está registrado em vídeo, gravado por delator, soldado graduado e executor respeitado na facção que se sentiu traído por receber a ordem de matar a própria namorada — descreve o delegado Gabriel Borges, coordenador da operação.
De acordo com a polícia, esta dissidência dentro da organização criminosa, desencadeou uma série de crimes violentos na zona leste da Capital. Conforme monitoramento da atividade de inteligência, esse gerente se aliou a outro grupo criminoso para tentar tomar para si toda a exploração do narcotráfico.
Cerca de 200 policiais civis trabalham na operação. Segundo o delegado, o trabalho se iniciou após uma prisão em flagrante realizada no final do ano de 2022, em que um gerente do narcotráfico foi preso com grande quantidade de armas, drogas e comprovantes de movimentação financeira.
A investigação constatou uma movimentação financeira de venda de drogas, que operava aproximadamente R$ 1 milhão a cada 10 dias.
— Salienta-se que esta facção surgiu na zona leste de Porto Alegre e é marcada pelas ações violentas e explícitas, como forma de demonstração de poder e intimidação de rivais. Este grupo criminoso adquire drogas diretamente de países produtores, como Paraguai, Bolívia e Peru, e distribui em larga escala, não apenas em Porto Alegre e Região Metropolitana, como também para o interior do Estado — descreve o delegado.
Borges explica que as apurações permitiram determinar o organograma da facção, sendo possível alcançar as lideranças, bem como os principais gerentes e executores do grupo. A principal liderança, que foi presa no Paraguai no ano de 2016, encontra-se atualmente recolhida no sistema penitenciário federal. O delegado destaca que os alvos da operação respondem em conjunto por mais de cem homicídios.
Conforme o Diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, foram mapeadas todas as ações do grupo.
— Foi atingida uma organização criminosa, responsabilizando criminalmente suas principais lideranças. Esse trabalho permitiu que o principal líder permaneça no sistema penitenciário federal, bem como possibilitará que outros chefes do grupo sejam implicados em medidas cautelares de prisão. É um trabalho extremamente importante e necessário para o momento delicado que vive Porto Alegre, no tocante aos homicídios ocorridos na Capital — define Carraro.
Já o delegado Carlos Wendt, diretor-geral do Denarc, acrescenta que o departamento continuará atento às disputas entre facções e "não medirá esforços para combater a criminalidade, adotando as devidas medidas de polícia judiciária, a fim de responsabilizar criminalmente os envolvidos".