Em 19 de abril, os irmãos Marina Maciel dos Santos e João Francisco Maciel dos Santos, com 16 e 14 anos, foram mortos por tiros disparados de dentro de um automóvel em movimento na zona sul de Porto Alegre. À época, os disparos cruzaram a Avenida Herval, no bairro Cascata, deixando feridas outras quatro pessoas.
Era perto de 21h. Marina e João Francisco tinham saído de casa para comprar refrigerante e guloseimas. Não chegaram à padaria localizada na esquina com a Rua 22 de Julho. O telefone na casa da família toca. A mãe, Carla, atende. A notícia é devastadora. Os irmãos tiveram a vida interrompida pela violência.
A polícia atribui o ataque à guerra entre facções. Apesar do empenho nas investigações e da convicção de que a tragédia é obra do crime organizado, as autoridades ainda não efetivaram o apontamento dos responsáveis.
— Trata-se de investigação complexa, a qual envolve uma série de diligências, dentre as quais oitivas de testemunhas, análise de imagens e aporte de laudos periciais, o que exige maior delonga na formação do arcabouço probatório. A investigação segue em andamento — argumenta a titular da 1ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegada Clarissa Demartini.
A delegada afirma que as apurações têm sido realizadas de forma contínua nestes quase seis meses e indica estar confiante de que o trabalho está no caminho correto. Conforme as investigações, haveria de três a quatro indivíduos no automóvel de onde partiram os disparos. Clarissa, contudo, menciona que mais pessoas estão sendo investigadas entre as diligências integrantes do inquérito policial. Detalhes são mantidos em sigilo.
— A Polícia Civil busca a elucidação desse fato o mais breve possível, todavia, devido a dinâmica da investigação, requer um tempo para aprofundarmos e chegar na autoria com futura condenação. Estamos em busca destas respostas — pondera a delegada.
Clarissa lamenta que o desfecho trágico tenha atingido uma família inocente e reforça o entendimento de que a investigação aponta a participação de organização criminosa na prática do ataque.
— As vítimas não tem qualquer envolvimento com o crime. Seguimos confiantes em um desfecho favorável com responsabilização dos autores — conclui. A delegada pede que contribuições e denúncias podem ser apresentadas pelo telefone 0800-642-0121, de forma sigilosa ou mesmo anônima.
Comunidade mantém esperança por justiça
Professores e colegas de Marina e João Francisco também foram impactados pela tragédia. Os irmãos tinham muitos amigos e inspiravam bons sentimentos e expectativas positivas entre seus educadores, no Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot, bairro Azenha.
A comunidade escolar foi atingida pela perda. O luto instalou sua mão pesada sobre os ombros de outros adolescentes. Atividades para debater a violência e bate-papos para aliviar a angústia e as dúvidas provocadas pelo pesar e pelo questionamento acerca do ocorrido.
Um memorial foi erguido. Ficou exposto alguns dias e recolhido porque intensificava a comoção naqueles que o visitavam. Professor da escola, Francimar Alves explica que a esperança pelas respostas permanece viva e que existe a expectativa de que o resultado das investigações mostre aos estudantes que é possível confiar na justiça.
— Fico imaginando o que uma mãe deve passar depois de um fato desses. Perder os dois filhos numa vez só. Um filho já seria um absurdo. Nenhum pai, nenhuma mãe imaginam perder o seu filho. Jamais vou ter ideia do que esta mãe sente — desabafa Alves.