A investigação sobre a movimentação financeira em contas de Priscila Ferreira Leonardi, encontrada morta em 6 de julho, indica que valores não foram subtraídos de contas bancárias da enfermeira que teve o corpo abandonado no Rio Ibirapuitã, em Alegrete. O inquérito que apura as circunstâncias do homicídio, o qual tem como uma de suas potenciais motivações a eventual disputa patrimonial entre familiares, foi recentemente prorrogado com objetivo de detalhar indícios e agregar provas.
O crime teve ao menos três hipóteses preliminares como seu pano de fundo. Embora nenhuma delas tenha sido definitivamente afastada, conforme a delegada Fernanda Graebin Mendonça, prevalecem os indicativos de que Priscila tenha sido vítima de um sequestro com objetivo de extorquir valores da própria vítima.
Com a prorrogação do prazo para a conclusão da investigação policial, a delegada pretende colocar sob análise elementos apresentados em depoimentos pelo primo de Priscila, Émerson da Silveira Leonardi, 30 anos, que permanece em prisão preventiva sob suspeita de arquitetar o crime, além de evidenciar a conduta de outras pessoas consideradas suspeitas de participação.
— A prisão dele (Émerson) vai até a segunda semana de setembro. Ele é único preso até agora. Ele foi novamente ouvido e o teor do depoimento não será revelado. Principal tese ainda é sequestro seguido de homicídio — confirma a delegada titular do inquérito e da 1ª Delegacia de Polícia de Alegrete.
Fernanda afirma que a participação de outras pessoas está constatada pela polícia, porém detalhes ainda não podem ser revelados, sob a ótima de preservação dos elementos de apuração.
O caso vem exigindo a atuação das autoridades de segurança pública desde o dia 19 de junho, quando o desaparecimento da enfermeira foi registrado na 1ª DP. Priscila morava desde 2019 na Irlanda e viajou ao Rio Grande do Sul para tratar de uma dívida do primo, relacionada ao espólio do pai, Ildo Leonardi, que compartilhou moradia com Émerson até seu falecimento, aos 74 anos, em maio de 2020.
Contraponto
Por nota, a advogada Jo Ellen Silva da Luz, representante de Emerson Leonardi, informou que "a defesa segue acompanhando na medida em que os documentos do inquérito são liberados, pois há uma boa parte em sigilo, e já foi pedida a revogação da temporária antes mesmo dela ser prorrogada".
A advogada destacou que irá conversar com a delegada na próxima semana sobre a investigação. "Quanto ao acompanhamento do Émerson durante sua prisão temporária, a defesa também se desloca no mínimo uma vez por semana para atendimento. Atualmente Emerson tem recebido orientações de como proceder enquanto perdurar essa fase. Maiores detalhes e linhas defensivas não serão reveladas, eis que o sigilo se faz necessário em meio a inúmeras especulações", completa Jo Ellen, em sua nota.