A Polícia Civil indiciou nesta semana três suspeitos de integrar uma grande rede de lavagem de dinheiro no país e que foi desarticulada no último dia 5, na segunda fase de uma operação que reuniu 200 agentes em cinco Estados. Conforme a investigação, eles seriam os principais operadores financeiros de uma facção criada a partir de presídios paulistas.
Todos tiveram mandado de prisão cumpridos contra eles no início do mês e já se encontravam no sistema prisional. Os suspeitos, de acordo com a polícia, atuavam com dois grupos gaúchos rivais, um da zona leste de Porto Alegre e outro do Vale do Sinos.
Os investigados seriam responsáveis por comandar um esquema que movimentou, em um ano, R$ 358 milhões obtidos com o tráfico de drogas e armas realizado no Rio Grande do Sul.
O titular da Delegacia de Lavagem de Dinheiro do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Adriano Nonnenmacher, diz que parte do dinheiro dos traficantes gaúchos era enviada para operadores financeiros do grupo de São Paulo, para que fosse investido em contas bancárias de laranjas ou na bolsa de valores, bem como em criptomoedas.
Depois de algum tempo, parte do lucro e de todo o dinheiro lavado voltava à origem, onde era novamente investido. Tudo para dificultar o rastreamento.
Os nomes dos indiciados não foram divulgados. Apesar da conclusão do inquérito, a investigação continua para responsabilizar outros envolvidos no crime. Além disso, vários bens dos suspeitos foram apreendidos e contas bancárias bloqueadas.
O titular da Divisão de Inteligência (Dipac) do Denarc, delegado Wagner Dalcin, que também participou das investigações, afirma que os indiciados fazem parte do mesmo esquema que já foi alvo da polícia. Na primeira fase da operação, os criminosos movimentaram mais R$ 347 milhões no período de um ano, entre julho de 2021 e julho do ano passado.
O diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, diz que estas ações fazem parte de uma estratégia do departamento em descapitalizar as facções e responsabilizar diretamente seus líderes. Além disso, ele ressalta que outro objetivo é fazer com que parte desses valores seja revertida em prol da sociedade.
— Eu me refiro ao dinheiro bloqueado nas contas, mas também em relação a imóveis e veículos apreendidos. Esses valores retornarão para a sociedade na forma de repreensão ao crime organizado, como por exemplo, investimento em viaturas, tecnologia, entre outros — ressalta Carraro.
A chamada "Operação Pegasus II", que reuniu 200 agentes, foi deflagrada no dia 5 deste mês em 22 municípios: 11 gaúchos, seis paulistas, três catarinenses, um do Paraná e outro do Mato Grosso do Sul.
Das mais de 300 ordens judiciais cumpridas na ocasião, três foram os mandados de prisão, todos contra operadores na lavagem de capitais da facção paulista. Além disso, houve 67 buscas, e 45 apreensões e bloqueios judiciais de bens e contas em bancos. Também ocorreram a indisponibilidade de ativos financeiros.