Os estelionatos mais que quadruplicaram no Brasil nos últimos cincos anos, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Em 2022, esse tipo de crime alcançou recorde de 1.819.409 ocorrências, aumento de 326,3% em comparação a 2018, quando ocorreram 426.799 registros. Foram 207,7 casos registrados por hora no país em 2022, segundo média feita pelo Anuário. Considerando apenas o período entre 2021 e 2022, o crescimento dos registros de estelionatos é de 37,9%.
— Imaginávamos que iria crescer porque, desde 2018, o crescimento tem sido sempre com incremento exponencial, quase dobrando a cada ano. Num intervalo de cinco anos, você tem uma mudança importante. Essa mudança se dá por um conjunto de fatores que é internacional. Não é exclusividade do Brasil — explicou Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP e professor da FGV-EAESP, ao g1.
Golpes virtuais
O país registrou ainda um aumento expressivo em relação ao crime cometido por meio eletrônico. Em 2022, foram 200.322 casos, um aumento de 66,2% em relação a 2021, quando houve 120.470 registros.
Os dados disponíveis no Anuário sobre esse tipo de estelionato não incluem os seguintes Estados: Bahia, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio Grande do Norte.
— É uma tendência que começa muito pela pandemia, período em que as pessoas ficaram em casa e a integração das pessoas era online. Sem carro na rua, não tinha roubo em um farol ou em frente a escolas. Se antes havia cem estelionatos com golpe na esquina, agora são muito mais. É difícil para a polícia investigar tantos casos — exemplificou.
Um fator apontado pelo diretor-presidente do FBSP é que golpes virtuais podem ser feitos de outro Estado ou país, por um aparelho roteado.
— Como a polícia de São Paulo investiga um caso cujo IP do crime é do Rio Grande do Norte, por exemplo? Hoje, a política nacional do Sistema Único de Segurança Pública não tem necessariamente força de integração interestadual institucional — disse.