A Polícia Civil gaúcha continua registrando golpes contra motoristas na hora de abastecer. Um ano depois que a RBS TV revelou a prática de frentistas que vendem produtos não solicitados aos clientes nos postos de gasolina, as forças de segurança investigam suspeitas de estelionato em uma rede de postos na Região Metropolitana. Uma cliente afirma ter sido lesada em R$ 2,6 mil ao ser vendidos produtos extras após abastecer R$ 50. Depois de relatar o caso ao posto, ela recebeu o reembolso.
Carolina Jacobs, responsável pela Delegacia do Consumidor, está investigando uma ocorrência contra uma rede de postos e alerta para que as pessoas tomem cuidado para não se tornarem alvos fáceis dos golpistas.
— É importante que o consumidor sempre procure um posto ou mecânico de confiança para realizar esse tipo de serviço — afirma.
Um ex-frentista revelou à reportagem da RBS TV como seus colegas simulam problemas nos carros para empurrar produtos desnecessários aos motoristas: o funcionário traz uma seringa com óleo queimado no bolso do jaleco, ao abrir o capô, completa a água do limpador e, sem que o motorista veja, joga óleo no motor para criar fumaça. O funcionário então diz:
— Não ligue mais o carro, está pegando fogo — alegando que o óleo está vencido e empurra a troca do óleo.
Os alvos preferenciais dos golpistas são pessoas idosas, mulheres e pessoas com carros novos.
Preferindo não se identificar, uma cliente relata que foi até um posto para abastecer R$ 50 e acabou sendo cobrada em R$ 2,6 mil. A conta incluía quatro frascos de um produto de limpeza de bicos injetores, vendidos a R$ 149 cada. Segundo o site do fabricante, o preço médio de venda é de R$ 23. Conforme o engenheiro mecânico Jorge Luiz Silva, o uso excessivo de aditivos no carro pode causar danos ao veículo.
Em outra ocasião, um estudante de Agronomia, também sem se identificar, foi abastecer R$ 100 de gasolina em um posto e acabou com uma cobrança de R$ 629 no cartão de crédito. Ele relata que assinou sem saber uma ordem de serviço que autorizava a despesa. Segundo o estudante, uma quantidade maior de aditivo foi utilizada do que a capacidade do reservatório.
Debora Timm, uma administradora, também relata ter sido vítima desse golpe. Ela percebeu que produtos foram colocados em seu carro sem a sua autorização. Ela foi abastecer R$ 180 e acabou tendo uma despesa de R$ 755. A ordem de serviço mostra uma cobrança de R$ 199 por um frasco de 200 ml de um condicionador de motor. O preço médio de venda, segundo o site do distribuidor, varia de R$ 90 a R$ 115.
A direção da rede de postos Valvic afirmou que irá apurar as denúncias e que já demitiu os frentistas envolvidos na suposta fraude. A empresa também declarou que, após uma denúncia anterior envolvendo postos de outro dono, criou um código de conduta que prevê demissão para funcionários que enganem os clientes. Os postos citados na reportagem têm a bandeira Ipiranga, que, em nota, afirmou ter entrado em contato com os revendedores mencionados e que os consumidores serão ressarcidos. A empresa completou que não incentiva práticas ilegais.
Nota de posicionamento
A Ipiranga informa que entrou em contato com seus revendedores e que os consumidores mencionados na reportagem serão ressarcidos.
A Ipiranga sempre avalia todos os casos envolvendo consumidores e disponibiliza canais de atendimento pelos telefones 3003-3451 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800-720-5356 (demais regiões), além do site da empresa: www.ipiranga.com.br.
A Ipiranga reitera seu compromisso com os mais altos padrões éticos, bem como com as melhores práticas concorrenciais e de respeito ao consumidor e preza pela transparência e ética em todas as suas ações e relações, ressaltando ainda que não incentiva práticas ilegais e não compactua com atividades que violem o seu Programa de Integridade.