O julgamento dos quatro réus acusados da morte de Marco Antônio Becker, em 2008, pode chegar a uma conclusão neste sábado (1º). Será o quinto dia de júri do Caso Becker. Os trabalhos iniciam às 9h. A previsão mais otimista, no entanto, é que a sentença seja anunciada apenas no domingo.
Depois dos quatro réus serem interrogados ao longo da sexta-feira (30), a última fase do julgamento será de debates diretos entre a defesa deles e a acusação. Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) terão duas horas para fazer suas considerações, mesmo tempo disponível para os advogados dos acusados se defenderem. A conversa seguirá com réplicas e tréplicas, com tempo de duração a ser comunicado pelo juiz, de acordo com combinação entre as partes.
A conclusão do julgamento neste mesmo dia de debates está diretamente atrelada ao bem-estar físico e mental dos envolvidos: o juiz da 11ª Vara Federal de Porto Alegre, Roberto Schaan Ferreira, não quer que os sete jurados e ele construam a sentença decisória ao final de um dia extenso de trabalho, cansados. Assim o desfecho seria levado para o domingo, caso seja necessário.
— Obrigado e boa noite. Tentem regular o sono, pois, sinceramente, com o meu tenho tido dificuldades nestes últimos dias — despediu-se o magistrado, ao encerrar trabalhos às 22h40min de sexta.
Logo, o fim do julgamento depende do horário que os debates terminarem. Caso os trabalhos avancem pela tarde, e o juiz Roberto Schaan Ferreira considerar que ele e os jurados estejam cansados demais para construir a sentença, o 9º andar do Tribunal Regional Federal da 4ª Região receberá o tribunal do júri pelo sexto dia seguido no domingo.
Quem são os réus?
Quatro homens respondem pelo assassinato, que, conforme a denúncia aceita pela Justiça, foi uma retaliação comandada pelo ex-andrologista Bayard Olle Fischer dos Santos, 73 anos, colega de profissão de Becker.
Bayard teve o diploma cassado pelo Cremers por recomendação de Becker e sua suposta influência no CFM.
Por isso, segundo a investigação, Bayard teria cobrado favores de um antigo cliente, Juraci Oliveira da Silva, o Jura, que atuaria no tráfico de drogas no Campo da Tuca. Jura teria ordenado a capangas que fizessem uma emboscada para Becker.
O ex-assistente de Bayard, Moisés Gugel, 46 anos, teria intermediado as negociações para o assassinato.
Michael Noroaldo Garcia Câmara, o Tôxa, 40, cunhado de Jura na época do crime, teria sido contratado para o homicídio. Seria ele condutor da moto usada no crime e que levou o atirador até a vítima.
Contrapontos
O que diz a defesa de Juraci Oliveira da Silva, o Jura
A advogada Ana Maria Castaman Walter decidiu não se manifestar. Ela alega inocência do seu cliente.
O que diz a defesa de Moisés Gugel
O advogado Marcos Vinícius Barrios afirma que o cliente é "vítima de um erro judicial sem precedentes" e confia que a sociedade de Porto Alegre saberá "depurar a acusação injusta e absolvê-lo ao final".
O que diz a defesa de Michael Noroaldo Garcia Câmara
A Defensoria Pública da União (DPU), que o atende, informa que está convicta da ausência de provas contra ele no processo.
O que diz a defesa de Bayard Olle Fischer Santos
O defensor João Olímpio de Souza reafirma convicção na inocência do réu, mas prefere não falar no momento.