Com depoimentos mais curtos, a sessão do júri do caso Becker ouviu, na manhã desta sexta-feira (30), três das cinco testemunhas restantes. O número de depoimentos previstos diminuiu após a dispensa de duas testemunhas pelo plenário.
O primeiro a depor foi o cirurgião-plástico Flávio Borges Fortes, que atendeu Juraci Oliveira da Silva, Jura, dentro da cadeia. A estratégia da defesa ao ouvir o médico era apontar que Jura sofreu complicações após procedimentos realizados por Bayard Fischer e, com isso, não deveria nenhum favor ao médico. A tese da acusação é de que Jura planejou a morte de Becker a pedido do Bayard Fischer.
No entanto, por pedido da defesa, o conteúdo do depoimento não foi reproduzido na transmissão por sigilo e privacidade do paciente. O depoimento durou cerca de 40 minutos.
Em seguida, um segundo médico, indicado pela defesa de Bayard Fischer, Marcos Costa Silva, que era membro do Cremers na época e esteve com Becker nas horas anteriores ao crime, foi ouvido no julgamento. Com ele, a defesa explorou outros problemas pessoais do vice-presidente do Cremers. Alegou que ele tinha dívidas por jogo e processos trabalhistas, além de relacionamentos extraconjugais.
Já o Ministério Público Federal perguntou principalmente sobre como funciona um processo de cassação ética e como era a atuação de Becker nesses processos e sua influência no Conselho Federal de Medicina — órgão que proíbe de forma definitiva a atuação de um médico.
— Becker era um cara brilhante nas respostas, no debate, raciocínio rápido, era uma pessoa de imposição, de temperamento — disse Marcos, ao ser perguntado se Becker era uma pessoa respeitada no meio médico.
O terceiro depoimento da manhã foi Francine Kipper, que possuía um relacionamento com o réu Moisés Gugel, ex-assistente de Bayard Fischer. Os dois se conheciam desde jovens na cidade de Roca Sales, no Vale do Taquari, e abonou a conduta do réu:
— Não tinha qualquer inclinação para se envolver em qualquer atividade ilícita.
Também questionada pelos advogados de Moisés, Francine disse que contatos com pacientes de Bayard por mensagem de texto eram comuns para passar orientações.