A sexta-feira (30), que na estimativa original seria o dia da sentença aos quatro réus ser proferida pelo júri do Caso Becker, será o quarto dia de depoimentos das testemunhas. Ainda restam seis para falar. A revisão do prazo inicial se deu principalmente por conta das discussões acaloradas entre advogados de defesa e procuradores do Ministério Público Federal (MPF) durante as audiências entre a terça e a quinta-feira.
A partir das 9h, a expectativa é pela participação do ex-assessor jurídico da secretaria municipal da Saúde de Porto Alegre, Marco Antônio de Souza Bernardes. Ele foi arrolado pela defesa como testemunha, pois diz ter ouvido de dois policiais militares a confissão do assassinato do médico Marco Antônio Becker.
Tal informação teria sido recebida por Bernardes dentro de uma cadeia, enquanto ele era julgado pelo envolvimento no assassinato do ex-secretário da Saúde da Capital Eliseu Santos - antes de ser absolvido em novembro de 2022.
Além de Bernardes, outras cinco testemunhas de defesa ainda precisam passar pelos questionamentos dos procuradores e dos quatro advogados antes que os réus recebam sua chance de responder às perguntas em frente aos jurados. Sendo assim, a nova previsão é que o julgamento seja concluído apenas na segunda-feira (3) - mesmo com sessão do júri no sábado.
Quatro homens respondem pela morte do médico: o ex-andrologista Bayard Olle Fischer dos Santos (acusado de ser o mandante do crime), um assessor dele na clínica de andrologia, Moisés Gugel, e dois condenados por formação de quadrilha e tráfico de drogas, Juraci Oliveira da Silva (o Jura, apontado como chefe criminoso no bairro Campo da Tuca, na Capital) e o então cunhado de Juraci, Michael Noroaldo Câmara (o Tôxa, que seria condutor da moto usada pelos assassinos).
Conforme o MPF, o assassinato foi encomendado por Bayard a um cliente, o traficante Jura, que repassou a tarefa a um cunhado também envolvido com tráfico, Michael Câmara. Esse teria pilotado a moto usada no assassinato, que aconteceu ao lado de um restaurante na Rua Ramiro Barcellos. A negociação para cometimento do crime teria sido feita por um assessor de Bayard, Moisés Gugel. O suposto atirador não foi pronunciado por falta de provas.
O júri acontece na 11ª Vara Federal de Porto Alegre porque Becker era ligado ao Conselho Federal de Medicina e teria sido morto em decorrência da função de julgar colegas de profissão. O motivo seria vingança: Becker teria sido o responsável pela cassação do diploma de médico de Bayard, por práticas incompatíveis com o exercício da medicina. O andrologista teria induzido pacientes a fazerem cirurgias desnecessárias (e acabou com o diploma cassado).