Segunda testemunha a depor no júri que apura a morte do médico Marco Antônio Becker, em dezembro de 2008, Gustavo Fleury, à época inspetor da Delegacia de Homicídios e hoje delegado de polícia, detalhou como a investigação chegou aos nomes dos réus. Segundo o policial, em mandado de busca no consultório de Bayard Fischer, acusado de ser o mandante do crime, foram encontrados recortes de reportagens sobre o crime.
— E não era só guardar, não eram só recortes. As notícias tinham círculo com caneta em algumas reportagens específicas. Aquilo nos chamou atenção, não é uma coisa muito normal de quem não tem a ver com o caso — disse Fleury.
Na mesma ação, uma pasta com o nome "depoimento Becker" foi encontrada, com detalhes do que ele diria em um eventual depoimento à polícia sobre o que fez no dia do crime.
— Tinha até "fui cortar o cabelo" — completou.
Fleury ainda contou que entrou no caso em janeiro de 2009, ou seja, não esteve na cena do crime, mas que era responsável pelas interceptações telefônicas. Um fato que chamou atenção foi que o celular de Moisés Gugel trocou 11 mensagens com outro telefone, que estava localizado em Charqueadas, no dia do crime — o que depois se descobriu que seria o telefone de Juraci Oliveira da Silva, o Jura, preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) na época.
O vínculo de Jura com Bayard foi confirmado através de fichas médicas apreendidas, que comprovaram que ele foi atendido pelo médico. Já Michael Noroaldo Garcia Câmara, outro acusado no júri, era cunhado de Jura na época e usava uma motocicleta igual à usada no dia do crime.